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Acontece... Por aí

Foto do escritor: Jornal DakiJornal Daki

SÃO GONÇALO DE AFETOS


Por Paulinho Feitas



Foto: Pixabay
Foto: Pixabay

Claudia Marcia, uma adolescente de dezesseis anos, foi encontrada muito ferida num dos muitos terrenos baldios de São Gonçalo. Antes de entrar em coma profundo, ela sem forças, balbuciava baixinho:_ Não! Por favor! Tio Claudinho! Não! 


A família avisada, correu imediatamente ao Pronto Socorro Central para tomar pé da situação. Nada poderia ser feito, somente rezar e esperar. A menina estava mal. 


Quando  tio Claudinho chegou, não teve tempo de dar bom dia. O pai da menina e um vizinho quase o mataram de pancada e as pessoas que tentavam intervir, quando ouviam o motivo da agressão passavam também a agredi-lo. Foi salvo por uma guarnição da PM que chegou e retirou tio Claudinho das mãos dos agressores, já desacordado e muito ferido.



 

Tio Claudinho é o tio preferido das crianças da família, aquele que só vive rindo e inventa as brincadeiras mais legais. O problema é que tio Claudinho não comunga com os pensamentos do resto da família. Depois que a política nacional foi polarizada, tio Claudinho ficou do lado contrário da família e não era convidado para mais nada, até a esposa dele que é a caçula da família também foi sumariamente excluída de qualquer reunião familiar. São chamados de  mal exemplo para as crianças de um lar onde vivem pessoas de bem. 


Naquele dia Claudia Marcia se atrasou na saída da escola por conta de uma reunião de equipe para um grande trabalho de pesquisa. Quando chegava perto de casa a noite já caía e uma chuva fina e fria tirava as pessoas da rua. Aproveitando a facilidade ela foi agarrada e arrastada para o terreno baldio. Lutou muito com seu agressor que apertava seu pescoço com uma das mãos e com a outra tentava tirar suas vestes. Como não conseguiu seu intento espancou a menina e fugiu. 



Depois de alguns dias, pela graça de Deus, a menina acordou e também pela graça de Deus, além de alguns hematomas, não sofreu nenhuma sequela. Ao contrário de tio Claudinho, que vai mancar de uma perna para o resto da vida, perdeu alguns dentes, teve um afundamento de face e traumatismo craniano. Teve duas costelas quebradas e a visão de um dos olhos prejudicada. 


Quando a menina soube do ocorrido caiu em prantos e explicou que na hora em que fora agarrada, tio Claudinho passava distraído pelo outro lado da rua, apressado, indo para o trabalho noturno e com os fones de ouvido num volume alto não ouviu a menina chamando por ele. Tio Claudinho pagou um preço alto demais por ter um pensamento diferente dos demais. Claudia Marcia precisa de terapia para continuar vivendo e é vigiada de perto pela família, pois tem intenção de tirar a própria vida. Vai, todos os dias ver tio Claudinho, a família está destruída e jamais terá um natal como antes. O pai de Claudia Marcia e o vizinho vão responder por este crime e não se livrarão facilmente do peso desta culpa nas costas. 


Tio Claudinho não brinca mais, não sorri mais e seu “amanhã será jamais.” 


Obs: Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com fatos, nomes ou pessoas é mera coincidência. 


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Paulinho Freitas é sambista, compositor e escritor.



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