Casal australiano vira réu após acusação de racismo contra crianças no acesso ao Cristo Redentor

Um casal australiano virou réu por injúria racial após ser acusado de imitar um macaco na direção de duas crianças negras, no acesso ao Cristo Redentor, em Santa Teresa, na região central. De acordo com a denúncia, Rod Gaskell, de 79 anos, e Suzanne Jean Gaskell, de 76, direcionaram as ofensas, principalmente, para uma menina de 4 anos.
Em postagem nas redes sociais, Naara Candido, mãe e madrinha das vítimas, contou que o crime, ocorrido no dia 8 de janeiro, aconteceu depois dos idosos tentarem furar a fila da van que leva até o monumento. O veículo sai da Estrada das Paineiras.
"Eu trouxe a minha afilhada, que não é brasileira e mora na Suíça, a minha prima com a amiga dela e a minha filha no Cristo. Nós viemos fazer esse passeio porque elas não conheciam ainda. Tinha uma fila pra gente pegar a van e subir no monumento e um casal, de algum país que não sei dizer, chamou o guia de preto. Na fila, eles começaram a empurrar todo mundo. Um outro guia foi falar com eles a respeito da fila e tentaram agredi-lo. A gente não deixou porque, obviamente, é educação. É uma fila, não pode. Se fosse por prioridade, eu sou gestante e também poderia. Nós não deixamos e começaram a fazer sinais de macacos para minha filha e para a minha afilhada", comentou.
Com a ofensa, Naara chamou policiais militares para levarem os turistas até a delegacia. Segundo a Polícia Militar, uma equipe do Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas conduziu o casal à 9ª DP (Catete) e, posteriormente, o caso foi repassado para a 5ª DP (Mem de Sá). Os australianos foram autuados em flagrante pelo crime de injúria por preconceito.
"Eu nunca achei que passaria por essa situação com a minha filha, afinal ela é uma criança, tem 4 anos. Que ser agiria assim com ela? Mas aconteceu. Graças a Deus, eu a educo pra viver esse tipo de situação nojenta mesmo, tanto é que ela começou a responder e se defender, mas eu como mãe tinha por obrigação de fazer valer tudo o que eu sabia que poderia acontecer com os criminosos. É inadmissível eu sentir uma dor só por ser negra e ter filha negra. Nós precisamos entender que temos voz e uma lei ao nosso favor. Ficar quieta e deixar pra lá é contra tudo o que nosso povo vem lutando a tanto tempo. Enquanto eu estiver aqui, racistas não passarão impunes por mim", escreveu a mulher.
Em audiência de custódia realizada no dia 9 de janeiro, a juíza Daniele Lima Pires Barbosa, da 20ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), determinou a liberdade provisória de Rod e Suzanne mediante o cumprimento de medidas cautelares como a manutenção do endereço eletrônico e comparecimento aos atos do processo, ainda que eletronicamente. Caso isso não aconteça, há a possibilidade de decretação de suas prisões preventivas.
Já no dia 17 de janeiro, a magistrada Juliana Benevides de Barros Araújo, também da 20ª Vara Criminal, recebeu a denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ) e tornou os turistas réus pelo crime.
*Com informações O Dia
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