Corte nos auxílios: Alunos da UERJ ocupam campus em São Gonçalo
Os estudantes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro - Faculdade de Formação de Professores (UERJ/FFP), em São Gonçalo, estão ocupando o campus há uma semana em protesto contra o Ato Executivo de Decisão Administrativa (AEDA) 038/Reitoria/2024, que resultou em cortes nas bolsas e auxílios estudantis de centenas de alunos.
De acordo com Matheus Rodrigues, de 23 anos, estudante de pedagogia e um dos líderes do protesto, no dia 25 de julho os estudantes receberam a notícia de que haveriam mudanças na obtenção dos auxílios de assistência estudantil. Entre as mudanças está a revisão da renda mínima necessária para que estudantes de ampla concorrência possam acessar a bolsa auxílio vulnerabilidade social (BAVS), de R$ 706 por mês. Anteriormente, para conseguir a bolsa, era exigido um salário mínimo e meio; agora, é necessário apenas meio salário.
Os centros acadêmicos se reuniram para decidir quais seriam os próximos passos após a notícia das mudanças. Assim, no dia 27 de julho, os estudantes convocaram uma Assembleia Estudantil para decretar estado de greve. No dia 29, decidiram pela ocupação imediata do campus, permanecendo no local até que a situação seja resolvida.
"Fomos surpreendidos com o lançamento desse Aeda, que mudou o critério de avaliação socioeconômica, que não havia sido conversado e discutido anteriormente para que os alunos pudessem se programar. De quase 500 alunos, só 189 continuarão recebendo os auxílios, e isso tem uma importância significativa, porque essa é a nossa forma de nos manter na universidade. A gente entra 7h da manhã e muitas vezes só saímos às 22h, então não ter mais a opção de estar aqui é abrir mão de um sonho. Eu estava me programando para no final do ano fazer uma apresentação com o grupo de pesquisa no Uruguai e agora não tem mais esse auxílio", afirmou Matheus Rodrigues, que saiu do mercado de trabalho para se dedicar inteiramente à graduação e à área de pesquisa e foi diretamente afetado pelo Aeda com o corte de sua bolsa estudantil.
As demandas dos alunos são extensas e antigas, como melhorias que precisam ser feitas no campus, mas ainda assim, principal foco dos estudantes no momento é a revogação da Aeda 038.
"Também está na nossa pauta a reestruturação do campus em questão de acessibilidade; revitalização do espaço; compromisso da instituição em lutar pela melhoria do programa de assistência e permanência estudantil. Mas o nosso foco central é a revogação da Aeda 038", explicou o estudante de pedagogia.
"Uma coisa que também está impactando muito é que agora tem um número máximo de mães que podem receber o auxílio. Em toda a UERJ só 1300 mães podem receber, o restante precisa ficar na fila, o que está impactando bastante. Fizemos até um movimento para conseguir um espaço de acolhimento para as crianças, filhos de alunas aqui do campus, mas quando achamos que poderíamos avançar de alguma forma sobre essas políticas aqui, recebemos essa Aeda, onde muita gente está perdendo os auxílios e direitos que já haviam conquistado", afirmou Thamiris Santos, de 31 anos, estudante de pedagogia.
Ainda segundo os alunos, a proposta da atual reitora, Gulnar Azevedo, antes de ser eleita, era manter os benefícios. Porém, alguns meses após a posse, a reitora mudou os critérios para elegibilidade de bolsas e auxílios de assistência estudantil.
Outros cortes também estão previstos para os auxílios alimentação e passagem, no valor de R$ 300 cada, além da redução pela metade no auxílio para material didático, que já está em atraso há algum tempo. A diretoria da UERJ/FFP ainda não se pronunciou sobre o caso.
*Com informações OSG
Nos siga no BlueSky AQUI.
Entre no nosso grupo de WhatsApp AQUI.
Entre no nosso grupo do Telegram AQUI.
Ajude a fortalecer nosso jornalismo independente contribuindo com a campanha 'Sou Daki e Apoio' de financiamento coletivo do Jornal Daki. Clique AQUI e contribua.