Covid-19: Por que pessoas que já se vacinaram adoecem e até morrem?
A morte do sambista Nelson Sargento, que já recebera as duas doses da Coronavac, reacendeu dúvidas sobre a ação dos imunizantes

A morte de Nelson Sargento nesta quinta-feira, aos 96 anos, levantou novos questionamentos sobre a eficácia das vacinas no combate à Covid-19. O sambista veio a óbito mesmo depois de tomar a segunda dose da vacina Coronavac há 90 dias. O tema apareceu durante a sessão da CPI Covid, que recebeu o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas. Com base no caso, o senador governista Eduardo Girão (Podemos-CE) questionou Covas sobre a eficácia do imunizante.
Covas esclareceu que a indução de anticorpos em idosos é de 98%, mas que a resposta imunológica da vacina em pessoas com idade avançada é menor. Além disso, ele explicou que comorbidades prévias também podem influir. Além da idade avançada, Sargento passou por um longo tratamento de câncer de próstata, descoberto em 2005, no próprio Instituto Nacional de Câncer (Inca) onde se encontrava internado para tratamento do quadro de Covid-19.
“Pessoas idosas tem um fenômeno biológico chamado imunossenescência. Os idosos respondem menos na produção de anticorpos em relação aos indivíduos mais jovens. Por isso que não é 100% de soroconversão”, esclareceu.
O diretor do Instituto Butantan ainda reafirmou que nenhuma vacina é totalmente eficaz contra as infecções por coronavírus, mas sim contra as manifestações clínicas, sobretudo as mais graves.
“A vacina não é uma proteção absoluta, não é escudo contra a doença e nem contra a mortalidade. Ela é uma proteção relativa. Entram os fatores individuais das pessoas, as comorbidades, vários fatores”, prosseguiu. “A pessoa que se vacina está relativamente protegida, mas tem os fatores individuais que entram se ela eventualmente pegar a infecção, e esses fatores são preponderantes, inclusive, para determinação da gravidade”, completou.

