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Declaração sobre o que sinto

Por D.Freitas

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Sair de casa e ir para muito longe me fez perder o senso de saudade. Talvez eu tenha ficado aparentemente frio, na concepção dos que me cercam, ou até mesmo menos amoroso. No entanto, juro que intimamente ainda sou o mesmo. Prova disso é como me sinto quando estou numa cena como essa: 


O portão ainda é o mesmo de anos atrás e range com a força da anfitriã peluda da casa: uma cadela que não tem noção do seu tamanho e despeja energia em todos os cumprimentos. Salta desajeitada, lambe e tropeça nas próprias patas de tanta emoção. Após atravessar essa barreira de carinho, encontro o altar de fé dos donos da casa. É tão plural quanto as ideias dos que ali habitam. Saúdo nas línguas que sei e as imagens que conheço, às que não conheço, apenas peço licença. 


O canto favorito do velho no sofá ainda não mudou, mas agora ele está constantemente verificando algo no celular, às vezes gargalha, às vezes fica sério e constantemente comenta algo sobre a conversa que acontece ao redor quando normalmente todo mundo pensa que ele não está atento. Larga o aparelho para me dar um abraço apertado, pois isso também ainda não mudou. Também na sala, a matriarca e suas irmãs conversam indistintamente. Sobre assuntos diferentes, entre elas mesmas. O engraçado é que elas conseguem se entender. Talvez apenas elas saibam como.(Ou nem elas saibam como). Fora do abraço paternal, a mão maternal me puxa pelo braço para meu local favorito da casa. O cheiro de feijão fresquinho adentra em minhas narinas e rapidamente a barriga responde em um ronco voraz. Orgulhosa, ela anuncia cada preparação que ela fez pra esse almoço de domingo e ansioso espero a autorização para me servir. 


A mesa todos oramos, eu não tenho fé em algo superior, mas sinto esperança em ver todos na mesa em comunhão embora sejam divergentes em quase tudo quando se trata de religião e política. Todos elogiam a comida. Todos pensam no soninho depois do almoço com a TV falando algo ao fundo. Me sinto parte desse todo.


Talvez pra mim, a saudade seja exatamente me destacar disso tudo. Talvez eu deixe transparecer mais o que eu sinto com o tempo de convívio e caso eu não transpareça, aqui se encontra minha declaração sobre o que sinto falta quando estou longe.


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Davi Freitas (D.Freitas) nasceu em São Gonçalo, cria da cultura gonçalense, desde sempre conviveu com músicos, poetas e escritores. autodidata, aprendeu violão e bateria sozinho e junto com o irmão Lucas Freitas fez algumas apresentações até ter, por motivos profissionais, que mudar de estado. Como escritor, participou, pela Editora Apologia Brasil da Antologia em Tempos Pandêmicos e inicia agora sua trajetória no mundo das crônicas e contos. 


1 Comment


Wess
Wess
Apr 25

Davi ? Eu conheço é cara de valor, sou grato de te-lo como amigo, ele sempre foi incrível super criativo, o cara é foda é embaçado não dá pra descrever em palavras só conhecendo msm

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