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Eleições para o Conselho Tutelar

Por Aldaléa Santos


Foto: Divulgação/Renan Otto
Foto: Divulgação/Renan Otto

Domingo passado, 01/10/2023, houve uma eleição para conselheiro tutelar. Não me envolvi, não pesquisei sobre o assunto, não fui mobilizada e não me mobilizei. Só me dei conta quando disseram que não haveria aula no Colégio Municipal de São Gonçalo, que dou aula na segunda-feira, porque ele estaria à disposição do TRE - Tribunal Regional Eleitoral. Para votar, bastava ter acima de 16 anos e título eleitoral. Soube que era facultativa a participação. Novamente, não dei atenção.


Passadas as eleições é que me dei conta de quantas vezes meus alunos e seus responsáveis precisaram de apoio e eu não soube orientar onde e a quem recorrer. Esse é o papel do conselheiro tutelar. Aquele representante que atende às necessidades das crianças e dos adolescentes em estado de risco.


Com esse apoio, podemos evitar que sofram abandono, agressões físicas, passem fome… É o trabalho da sociedade junto ao governo. E como isso faz falta! Quantas situações e tragédias poderiam ser amenizadas ou até evitadas. A questão é: sem essa conscientização, como o ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente será colocado em prática? Quem são esses representantes?



Se nós não votarmos, quem escolhe esses representantes e quais os seus interesses? Houve apoio de quais instituições se as escolas e seus educadores não participaram? Perguntas que fiz e fui pesquisar. Afinal, ouvi muitos boatos de que foram oferecidos ônibus e um valor em dinheiro para que muitas comunidades fossem votar. O que a princípio parece bom, precisa ser analisado. Qual a proposta do candidato indicado para que esses eleitores recebessem esses benefícios? Quais os interesses de quem financia essa candidatura? Porque sempre há sob essa aparência inocente de benefício, um grande interesse. Seja de cunho político, formando influenciadores para eleger vereadores, deputados e até presidente. Ou pior, quando representa dogmas religiosos que, associados à política, interferem na saúde e bem-estar da criança e do adolescente.

Rudá Ricci, sociólogo da USP e da UNICAMP, fez um diagnóstico bastante interessante dos resultados dessa eleição. Apesar do campo progressista vencer em regiões de classe média em municípios médios grandes, nas comunidades mais carentes prevaleceu a força das igrejas ultraconservadoras. Houve uma reação do campo progressista após mais de uma década agindo de maneira desarticulada nas eleições dos conselheiros. Mas não houve um posicionamento claro dos partidos à esquerda; foi uma reação liderada pela sociedade civil organizada, ou seja, pessoas que se preocupam de fato com a comunidade.


Enfim, para mim, foi um grande aprendizado para que fique atenta às próximas eleições e aos candidatos ao conselho tutelar. Desta forma, poderei ir além da sala de aula e contribuir para que as nossas crianças e adolescentes tenham uma vida mais saudável e digna. Convido vocês a fortalecer a iniciativa da sociedade organizada e, quem sabe, teremos mais candidatos comprometidos com os reais interesses coletivos em relação à infância e à adolescência e como devem ser formados e cuidados.


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Aldaléa Santos Professora de língua portuguesa da Rede Municipal de São Gonçalo, doutora em educação pela UFF, membra do Coletivo ELA – Educação Liberdade para Aprender



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