Já ouviu falar no paradoxo do TikTok na Educação?
Por Aldaléa Santos e Hélida Gmeiner

"Você já ouviu falar no PARADOXO DO TIKTOK NA EDUCAÇÃO?"
No último dia 04/06, foi publicada essa afirmação num fio do Twitter que abriu mais um debate que, nós do Coletivo ELA, julgamos relevante. O paradoxo, nessa perspectiva, significa uma contradição, uma polêmica sobre como as redes sociais afetam as formas de ser, pensar e agir dos estudantes.
O autor do tweet, sob o perfil de @edurezpsi - Psicólogo escolar, afirma que as redes sociais, e destaca o TikTok, causam impaciência e desatenção aos seus usuários, especialmente às novas gerações. Ele afirma ainda, que a escola insiste em desenvolver tolerância, paciência e atenção nos estudantes. E aponta a dificuldade de trabalhar essas habilidades, justamente em uma geração pouco paciente e atenta. Gerando desinteresse, indisciplina e evasão.
"Enfim, resumindo o paradoxo: a educação precisa se adaptar para não perder os alunos. Mas se a escola se adaptar do jeito que os alunos querem, a escola não vai ajudar justamente no que os alunos precisam desenvolver. Encontrar o equilíbrio é o grande desafio da educação atual", ele conclui.
De cá, através de outra rede social, num grupo de WhatsApp, refletimos se esse paradoxo é real ou se apenas expõe a contradição entre a prática e a percepção do papel da educação. O diálogo que segue ajuda a compartilhar nossas reflexões. A busca pelo equilíbrio entre os dois lados.
"Planejamos fazer um Tik Tok com os verbos de ligação. Os alunos apontaram que era mais fácil lembrar da matéria quando criamos um ritmo para cantá-la. Assim surgiu a ideia", disse uma professora da rede municipal de São Gonçalo.
Comentamos que o ponto de equilíbrio estaria justamente no estudo do conteúdo. Através dessa produção é possível debater que por mais curto que seja o produto, ele demanda preparação, habilidades, estudo e técnica para acontecer. Tudo isso é currículo. Relacionamos com o que Jorge Larrosa define por sentido da Experiência.
Larrosa (2002) considera que para que haja experiência é preciso que algo nos aconteça, e isso requer: "interrupção, parar para pensar, olhar, sentir, suspender a opinião, o automatismo da ação, cultivar a delicadeza, a atenção [...] dar-se tempo e espaço”.
E, concordando plenamente, concluímos.
Seguimos sem uma única resposta, apenas com uma proposta que caminha no sentido da superação do dilema, utilizando a própria contradição como instrumento de formação, ao contrário de propor a supressão da linguagem do TikTok do ambiente escolar, porque a história está sendo construída e as redes sociais não deixarão de nos afetar.
E você, caro leitor, já refletiu sobre esse paradoxo? Escreva-nos sua opinião. Quem sabe não possamos incluir mais vozes nesse diálogo?
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Aldaléa Santos Professora de língua portuguesa da Rede Municipal de São Gonçalo, doutora em educação pela UFF, membra do Coletivo ELA – Educação Liberdade para Aprender e colaborador da Coluna "Daki da Educação", publicada às sextas.

Hélida Gmeiner Matta é professora da Educação Básica da rede pública. Pedagoga, Especialista em alfabetização dos alunos das classes populares, Mestre em Educação em Processos Formativos e Desigualdades Sociais e membra do Coletivo ELA – Educação Liberdade para Aprender.
