Mulheres vão comandar apenas 15% das cidades do RJ a partir de 2025
Dos 84 municípios que definiram as eleições no primeiro turno, apenas 13 escolheram candidatas do sexo feminino - e só três delas se declararam negras
As mulheres vão comandar apenas 15% das cidades do RJ a partir de 2025. Dos 84 municípios que definiram as eleições no primeiro turno, apenas 13 escolheram candidatas do sexo feminino - e só três delas se declararam negras. O percentual de prefeitas eleitas é levemente abaixo da média nacional, de 15,5%, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral.
A maior parte das cidades do RJ com chefes mulheres no Executivo Municipal fica no interior do estado – como Cantagalo, que escolheu Manuela, do Solidariedade, Macuco, que elegeu Michele Bianchini, também do Solidariedade, e Cardoso Moreira, com Geane Vincler, do União Brasil.
Na comparação com as eleições municipais de 2020, o aumento foi tímido - 10 mulheres foram eleitas prefeitas naquele ano, cerca de 11% dos 92 prefeitos escolhidos para o cargo.
A cientista política e pesquisadora FGV CEPESP Débora Thomé afirma que o resultado não é um caso isolado e reflete problemas estruturais de representatividade e falta de apoio dentro dos partidos:
"Esse é um problema que ocorre em todos os estados e no Brasil, nacionalmente, basta a gente ver a nossa Câmara de Deputados, que tem 83% das cadeiras preenchidas por homens. O que está acontecendo com essas mulheres que estão perdendo? Onde está faltando apoio? Ter apoio do partido, ter esse suporte do partido, ajuda muito na eleição de uma mulher. Ou é um machismo introjetado no eleitorado, que acaba optando por não votar em mulheres. Quando a gente pensa exatamente no caso das pessoas negras, a gente tem uma segunda camada desse problema de ausência na política. E essa falta de apoio acaba influenciando em candidatas menos candidatas lançadas e menos candidatas eleitas pretas e pardas".
A pesquisadora acredita que, nas próximas eleições, o número de mulheres ocupando cargos majoritários pode aumentar – mas ainda não significativamente:
"Eu acredito que a gente vai ter, nos próximos anos, aumentos, como a gente vem tendo. A gente vem tendo, sistematicamente, aumentos de dois pontos percentuais, um ponto percentual. Mas são aumentos irrisórios, perto da enorme desigualdade de gênero que a gente tem, quando a gente fala de representação política. Então, por isso, é muito necessário observar a melhoria da política de cotas, ou mesmo pensar uma política de cotas para os cargos majoritários. Porque, se não, a gente vai seguir com esses 85% de homens ocupando prefeituras de um estado".
Nas três cidades que ainda vão disputar o segundo turno, Petrópolis, Niterói em São João de Meriti, todos os candidatos são homens. Em outras cinco cidades, os candidatos eleitos estão sub judice, mas em apenas uma delas é possível que uma prefeita seja eleita.
*Com informações CBN
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