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O momento que mais chorei na vida - por Mário Lima Jr.


Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Graças a Deus, o momento que mais chorei na vida foi por uma graça recebida. Chorei como nunca havia chorado por nada desde o dia em que nasci. Por que chorei? Vou tentar explicar, foi durante um evento realizado pela Igreja Católica.


Havia quase cem pessoas dentro de uma sala. As luzes foram apagadas e a sala ficou iluminada só por velas. Jesus estava na sala. De repente, me deu vontade de sair do meu lugar e ir para o fundo da sala. Fui sem pensar, sem saber para onde ia, e parei num local qualquer. A dois passos de mim, na penumbra da sala, vi um homem sozinho, enxugando lágrimas. Ele sentia a presença de Jesus antes de mim. Mesmo escuro, percebi que conhecia aquele homem. Sabia dos problemas que ele enfrentava e porque ele estava chorando.


Dei os dois passos que nos separavam, o abracei e disse: “Parabéns por estar aqui, por aceitar o convite de Jesus”. Ele retribuiu o abraço e logo nos afastamos. Sorri de felicidade e agradeci a Deus.


Eu tinha saído do meu lugar movido por um impulso estranho e parado no canto inferior esquerdo, exatamente atrás de um homem que eu conhecia e Jesus queria que eu abraçasse. Não só por ele, mas também para o meu bem. Qualquer pessoa rapidamente poderia ter dado aquele abraço, como costuma acontecer nos eventos da Igreja. Deus quis que fosse eu. Não era coincidência. Aliás, deixei de acreditar em coincidência há muito tempo.


Aí a ficha caiu. Quem começou a chorar fui eu. Primeiro, de pé. Depois, pra chorar e agradecer melhor, de joelhos. Dentro do plano de amor de Deus, onde Ele respeita até a vontade de quem prefere não amá-Lo, Ele permitiu que eu testemunhasse um homem chorando por se sentir amado por Cristo, diante de uma vida cheia de tristeza e sofrimento. Pensando melhor, quem me ensinou com o abraço foi o homem. Quem me abraçou foi Jesus.

Então o choro aumentou. De joelhos, nos fundos da sala, eu também chorava por ser amado. Chorava por ver na prática que Deus ama a todos da mesma forma. Chorava por Sua misericórdia, por Ele ter permitido minha vida e participação naquele momento em que Ele se manifestava.


Desandei a chorar mais e mais. Percebi que não era choro normal. O choro não era obra minha. Busquei uma forma de me lembrar pra sempre da intensidade daquilo. “Parece que jogaram baldes e baldes de água no meu rosto e no meu peito”, pensei na hora. Era a única analogia que eu era capaz de fazer, me agarrei a ela. Baldes de água jogados na minha cara por horas.


O versículo 38 do capítulo 7 do Evangelho segundo São Lucas diz que uma pecadora banhava os pés de Jesus com lágrimas. No fundo, eu não enxergava como isso foi possível. Eu cometia o pecado de não acreditar na Palavra de Deus e, por isso, debochar Dela. Agora não mais. Graça recebida, graça testemunhada.

Mário Lima Jr. é escritor gonçalense.

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