O paradoxo de quem é contra o crime mas dele se beneficia

Por Helcio Albano

Agente da PM sendo rendido por um assaltante em Neves/Foto: reprodução

Instalou-se o caos em São Gonçalo. Jovens que mal chegaram à maioridade estão a esmo nas ruas tocando o terror nos 4 quadrantes da cidade. Onde nós, sociedade, erramos? Sim, aqui ninguém larga a mão de ninguém. Todos somos culpados.

As informações - truncadas - que chegam é que o CV liberou geral os assaltos no asfalto em retaliação ao programa "barricada zero" do governo do estado que, em São Gonçalo, chegou com maquinário novinho da Secretaria das Cidades, comandada pelo filho do prefeito, Douglas Ruas.

A menos de 1 anos das eleições, é impossível não encarar essa ação como eleitoreira, embora cercada de boas intenções em atacar o maior dos pesadelos gonçalenses que, curiosamente, só cresceu nos últimos anos, segundo o data-uber, que preenche a lacuna de informações oficiais do governo e de uma imprensa ativa no município.

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Ouve-se aqui e ali que as facções bolaram certos estratagemas de avanço e domínio de territórios com pouca presença da polícia. Caso de São Gonçalo, que consiste exatamente nisso: tocar o terror e negociar oficial ou oficiosamente o recuo, mas já com o território dominado através de um acordo tácito com as forças de segurança.

Ou com domínio ostensivo, com as tais barreiras do crime.

A sensação é de uma espiral sem fim de medo e euforia que se transforma numa espécie de cativeiro, politicamente muito bem manipulado pela direita, principal beneficiária desse estado de coisas.

É um paradoxo: os atores políticos que mais falam em acabar com o crime são os que mais se beneficiam dele.

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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.