O que não dizer a uma mulher - por Paulinho Freitas
SÃO GONÇALO DE AFETOS

Tive na minha vida o prazer e a audácia de trabalhar em circo. Prazer porque é uma das artes mais antigas do mundo e quem tem a honra de ver a concepção, criação e o nascimento de um espetáculo é um ser privilegiado. Audácia porque para ficar lá, como eu fiquei por longos quinze anos, ou se é circense ou se tem a manha dos instrumentos, aparelhos e equipamentos circenses. Aprendi sim, na marra a manusear alguma coisa.
A vida do artista de circo começa cedo, ali pelos cinco ou seis anos de idade, isso quando não se nasce debaixo da lona.
Nas minhas muitas entradas no picadeiro para meus afazeres flagrei uma discussão entre Anderlãyny Kelly e Ygorjedyson Luyz. Ambos com dez ou onze anos, não me lembro. Ela pegou um brinquedo dele e ele, quando o quis tomar de volta ela atirou o brinquedo na rua.
Aí não prestou:
Ele: _Sua pira...!
Ela: _Pira... é sua mãe!
Ele: _Se minhamãe é pira... seu pai é chifrudo!
Ela com as mãos nas cadeiras e corpo inclinado à frente: _Se meu pai é chifrudo o seu é “florzinha!”
Ele com o dedo em riste e com pose de jogador de futebol: _Então vai tomar no...
Ela confiante, agora com as mãos nas cadeiras fazendo careta e requebrando: _ Vai você que gosta mais de que eu!
Ele, sem argumentos, pensa por uns rápidos segundos e disse a derradeira frase: _ Sua gooooooorrrrrdaaaaaa!!!!
A face de Anderlãyny Kelly foi se avermelhando e em fração de segundos seu rosto todo parecia estar pintado de um vermelho-raiva jamais visto. Ela segura Ygorjedyson Luyz pelo pescoço e mesmo sendo duas crianças foi difícil separar. Ele apanhou muito.
O tempo passou, as crianças cresceram, ela está linda e ele um rapagão e já papai de um menino lindo que tem no olhar a alegria e o brilho de um circense de berço. Espero que o pai o ensine o que nunca dizer a uma mulher.
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Paulinho Freitas é sambista, compositor e escritor.
