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Páscoa de chocolates ou da ressureição de Cristo?

Por Rofa Araújo 

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

A Páscoa, tanto na tradição judaica (Pessach) como na cristã, tem raízes na memória da libertação do povo hebreu da escravidão no Egito e, para os cristãos, na ressurreição de Jesus. 


Pessach significa “passagem” em hebraico, referindo-se à passagem do povo hebreu da escravidão para a liberdade. Relembra a libertação do povo hebreu da escravidão no Egito, narrada no livro de Êxodo, quando ocorreu os rituais e cerimônias que remetem à passagem pelo Mar Vermelho e à libertação do Egito, conduzida por Moisés. 


Para os cristãos, a Páscoa celebra o ressurreição de Jesus Cristo, que é vista como a vitória sobre a morte e a promessa de vida eterna. A Páscoa cristã está ligada à crucificação e ressurreição de Jesus, eventos que são realizados durante a Semana Santa, o cordeiro que veio morreu pelos pecados do mundo. 


É comum ocorrer essa celebração cristã entre as diferentes vertentes cristãs (católicos, ortodoxos e protestantes), com tradições como missas, cultos, encenações da Paixão de Cristo e, para alguns, a troca de ovos de chocolate.


Já a tradição do coelho da Páscoa surgiu na Alemanha no século XVI e foi trazida para a América no século XIX. O coelho é associado à Páscoa porque simboliza fertilidade e vida nova e, também, um símbolo de Eostre, deusa germânica da primavera e sua crença de que ela transformou um pássaro em um coelho de neve, sendo o primeiro animal a sair da toca depois do inverno, simbolizando o renascimento. Dócil e menor, o que o torna mais adequado para a Páscoa, que passou a ser uma celebração mais familiar. 



A origem do ovo de Páscoa está relacionada à tradição cristã e a história do chocolate. Decorar ovos pode ter origem no paganismo, quando os povos germânicos celebravam o início da primavera. Os povos germânicos cultivaram a deusa Ostera, que foi considerada a divindade da primavera, organizando festivais que celebravam o início da primavera e entregavam ovos como presentes.


A questão da “decoração de ovos” pode ter origem na tradição cristã, quando a igreja questionou o consumo exagerado de ovos durante a Quaresma. Os ovos eram identificados como “ovos de Páscoa” e decorados para apresentar familiares e conhecidos. Na tradição ortodoxa, os ovos são frequentemente pintados de vermelho para simbolizar o sangue que Jesus derramou na cruz. Já os história dos primeiros ovos de chocolate surgiram no século XVIII, quando os confeiteiros franceses resolveram esvaziar os ovos e recheá-los com chocolate. O chocolate se tornou um dos grandes símbolos da Páscoa moderna.


Desta forma, a junção da origem judaica e cristã com o coelho e ovos e chocolate se alastraram pelos anos, transformando os dois, mesmo que não tenham nada a ver um com o outro, no sentido da Páscoa atualmente.


Talvez, a lembrança mais sólida da Páscoa seja a morte e ressurreição de Jesus Cristo há mais de dois mil anos, para os cristãos. Os judeus, mesmo tendo sido os pioneiros na criação na “Festa da Páscoa”, em razão da libertação do povo do cativeiro egípcio e a travessia do Mar Vermelho tão propagado, fiquem até em segundo plano.


O que mais importante é que sejam lembradas essas datas de maneira que haja uma confraternização dos povos ou dos familiares com troca de um chocolatezinho, que não precisa ser tão grande e caro devido aos preços cada vez mais exorbitantes, para adoçar a vida do ente querido.


Viva a Páscoa em seu coração: da passagem, de Cristo ou do amor pelo seu próximo!


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Rofa Araujo é jornalista, escritor (cronista, contista e poeta), mestre em Estudos Literários (UERJ), professor, palestrante, filósofo e teólogo.

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