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Memória, identidade e o caso de São Gonçalo



Alguns dias atrás me deparei com um edital de um programa de doutorado em história. Nele era descrito uma linha de pesquisa que trabalharia com Memória e Identidade e na hora minha cabeça começou a funcionar e matutar sobre aquilo. São Gonçalo tem memória? O povo se identifica com o local? Se reconhece como peça vital, social e cultural da região? Pouco.

Podemos destacar alguns casos. O Palacete do Mimi e a Fazenda Engenho Novo, patrimônios regionais tombaram por descuido e abandono. A Fazenda Colubandê conta com algumas iniciativas culturais, mas o poder público local nunca teve interesse em fazer jus a grandiosidade do patrimônio enquanto a Capela da Luz, essa contando com mais de 3 séculos de história, nem mesmo é reconhecida como patrimônio histórico nas esferas do município, estado e da nação. As Folias de Reis? Cada ano morre uma por falta de atenção e de políticas públicas. A casa onde a Umbanda surge como religião institucionalizada foi derrubada para a construção de um galpão. Mas nem tudo é caos, o Tapete de Sal do Corpus Christi é um sucesso e reconhecido em todo o Brasil. Só.

Se faz justo ainda citarmos a criação e constituição de espaços que falem da história do local. Existe UM museu no município e trata da chegada de imigrantes. Uma ótima iniciativa que tive o prazer de conhecer, mas que não dá voz a uma história de São Gonçalo. Uma pena, o gonçalense não tem formas de conhecer sua história. Nunca teve. Reproduções, livros de pesquisa de má qualidade ou de intenção duvidosa são fomentados a décadas enquanto que bons trabalhos produzidos por pesquisadores das universidades da região e que poderiam elucidar a história local, permanecem engavetados sob a desculpa de que são muito acadêmicos.

Parece que na linha do horizonte, não se consegue ver nada. Nem um bote, nem um salva vidas. Sem memória um povo não tem identidade, se descaracteriza de sentimento por seu lugar de origem. Sem esse sentimento, ser cidadão é incompleto, é ralo, é rasteiro. Pra que dar cultura? Vai um cafezinho?

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