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Marlos, Rodrigo Neves e o bode na sala



As relações entre as cidades de São Gonçalo e Niterói sempre foram conflituosas ao longo do tempo. Tanto que a cidade de Arariboia só reconheceria - à contragosto diga-se - a emancipação de fato e de direito da cidade vizinha em fins de 1929.

Com a fusão de 1974 entre o estado da Guanabara e o estado do Rio de Janeiro, que tinha Niterói como capital, o ressentimento da perda de status recairia sobre os ombros de São Gonçalo; a grande e pobre São Gonçalo, onde os membros da aristocracia perdida niteroiense poderiam se regozijar daquilo que já não possuíam mais, tal como um conto machadiano do século XIX.

Esta nem tão breve introdução serve como pano de fundo e contexto de uma declaração infeliz que o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, soltou para uma rádio carioca. Em sua sabujisse política, deu a entender que os problemas da sua cidade ligados à violência se dão pelo fato da "mancha criminal" gonçalense avançar sobre suas paragens, e aqui esta palavra escolhida é fiel à etimologia.

É como o bode; sabe aquele bode que colocamos alegremente na sala quando queremos desviar a atenção das pessoas para outro problema, artificialmente criado? Então. O gonçalense nesse caso é o bode que os políticos de Niterói sempre tem à mão para justificar suas próprias patacoadas administrativas colocando a culpa no outro, esse outro, claro, é gonçalense.

Não é a primeira e, infelizmente, a última vez que um político de Niterói se utiliza desse expediente mesquinho, sórdido e preconceituoso. Quem não se lembra do então secretário de Transportes Wolney Trindade, que em 2011 lépido e fagueiro colocou a culpa nos gonçalenses pelo engarrafamento no dia do aniversário do supermercado Guanabara?

Faltou apenas um isso para que Trindade ordenasse o fechamento das fronteiras aos bárbaros invasores de sua cidade sorriso imaculada, ávidos pelas promoções do Guanabara. Impossibilitado de fechar as fronteiras, ordenou o fechamento do mercado. Hoje nós temos um, em Alcântara. Wolney logo em seguida pediu exoneração após o bode... Ops! após a confusão.

Tanto lá como agora, a sociedade não ficou calada com tal absurdo. Quem deu voz à sociedade foi o vereador Marlos que subiu à Tribuna do Parlamento, no dia 18 de junho, para denunciar a estupidez do prefeito de Niterói. "Quero lamentar as declarações equivocadas e preconceituosas do prefeito de Niterói Rodrigo Neves. É uma declaração que não colabora, de extrema infelicidade. Eu gostaria muito que tivéssemos barca em nossa cidade pra que a gente não precisasse passar por Niterói para se transportar para o Rio. O comércio de Niterói ia quebrar. O terminal João Goulart é o que tem maior movimentação no país porque é utilizado em sua larga maioria por gonçalenses, milhares e milhares. Quero repudiar a atitude do prefeito Rodrigo Neves", disse, duramente, Marlos.

Ironia das ironias: Rodrigo Neves é gonçalense, cria do Rocha. Parece que se esqueceu disso. Como tantos outros que abandonam São Gonçalo para viver em Niterói e, tal qual Pedro na prisão do Cristo, nega três vezes de onde veio.

É, mas o galo canta. Sempre canta.

Veja abaixo o video com a denúncia do vereador Marlos Costa


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