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Salema, que tirou o 7º Batalhão do fundo do poço, devolveu o respeito à polícia



O 7º Batalhão em São Gonçalo teve sua imagem seriamente prejudicada em 2011 quando investigações da Polícia Cívil sobre a morte da juíza Patrícia Accioli chegaram a um grupo de policiais e ao comandante da instituição, Cláudio Luiz Silva de Oliveira, como mandante do assassinato que chocou o país. Oliveira foi julgado e condenado a 36 anos de prisão em 2014.

No mesmo ano de 2011, novamente os olhos do país se voltam para São Gonçalo, com a prisão do então comandante, o ex-árbitro de futebol Djalma Beltrami, e mais 13 policiais, acusados de favorecimento do tráfico de drogas, num esquema que funcionava do Morro da Coruja à Região dos Lagos.

Era o fundo do poço para o 7º Batalhão, enquanto os índices de violências saiam do controle na cidade.

Do final de 2011 para cá, o Alto Comando da Polícia Militar promoveu uma ampla reestruturação da unidade para levantar o moral da tropa e recuperar a confiança perdida da sociedade. O marco e a consolidação dessas mudanças se deu em julho de 2014, quando o tenente-coronel Fernando Salema assume o 7º Batalhão cercado de grandes e boas expectativas devido o trabalho de 11 meses desenvolvido à frente do 35º Batalhão em Itaboraí.

Salema, um homem de hábitos simples e entusiasta do policiamento comunitário, aos poucos foi implantando uma nova cultura de aproximação da sociedade com a polícia. É comum o comandante promover eventos sociais no 7º Batalhão de cunho beneficente ou mesmo para melhorar a estrutura física da unidade e premiar seus policias que se destacam a cada trimestre. Essa política de aproximação o levou a apoiar a campanha em favor do Abrigo Cristo Redentor, nos almoços promovidos pela instituição.

O comandante é figura fácil nos veículos alternativos de comunicação da cidade, seja para divulgar as ações que promove no 7º ou mesmo responder às perguntas e dúvidas da população. Graças a isso, a onda de boatos sobre sequestros de crianças em São Gonçalo foi rapidamente dissolvida após entrevista na TV Ponto de Vista, no final de abril, repercutida depois na grande imprensa.

Embora a violência seja endêmica na região leste metropolitana após a implantação das UPPs no Rio, o coronel Salema e seus comandados têm conseguido reduzir alguns índices importantes de criminalidade, como homicídio e latrocínio. Estudioso do assunto, formado em Gestão de Segurança Pública pela Fundação Getúlio Vargas, em 2014 quando assumiu o 7º Batalhão já sabia qual seria o foco de suas ações: "Acredito que o maior problema da cidade seja o tráfico de drogas e vamos combatê-lo. Todos os demais crimes giram ao redor dele. Por isso esse será nosso primeiro foco”, disse ao jornal A Tribuna.

Por conta desta certeza não titubeou em proibir bailes funk em áreas deflagradas pelo tráfico assim que assumiu o Batalhão. "Os bailes que estamos coibindo só favorecem o tráfico. A população fica incomodada com esse tipo de evento, muitas pessoas reclamavam que não conseguiam dormir. Eu não tenho nada contra o movimento do funk. Acho uma forma de expressão legal e, quando traz mensagens boas, é válida", afirmou em outubro do ano passado.

O sucesso do coronel à frente da polícia em São Gonçalo tem chamado atenção e gerado à cobiça de cidades vizinhas. Uma informação, não confirmada oficialmente, aponta a movimentação do prefeito Rodrigo Neves junto ao governador Pezão para levar Salema para Niterói. A cidade vive, desde 2009, uma crise na área de segurança e o Batalhão da cidade não consegue amenizar o problema. O tempo médio de permanência do comando no 12º Batalhão é de apenas 6 meses, quando o tempo normal de permanência estipulado pela cúpula da Polícia Militar é de 1 ano.

As trocas de comando nos batalhões são corriqueiras e previstas em todo o estado, mas se depender da sociedade gonçalense Salema da cidade não sai.

Esta semana, depois da informação de sua saída do 7º correr como rastilho pólvora, houve uma mobilização inédita pela permanência de Salema no comando da polícia em São Gonçalo. Vários vereadores subiram à Tribuna da Câmara apelando ao governador para que mantenha o camandante na cidade. Até uma página no facebook, criada pela advogada Adriana Brandão, se mobiliza no sentido de sensibilizar o governador para que mantenha Salema onde está. "Estou cansada de ver tantos bons profissionais saírem de São Gonçalo, chega!, disse Adriana. Acesse a página aqui.

A violência ainda está aí, não acabou e talvez nunca acabe de vez, mas a passagem (ou permanência, será?) do oficial policial militar, tenente-coronel Fernando Salema Garção Ribeiro, que em 2006 viu a morte de perto ao ser baleado por sete vezes, conseguiu algo que muitos achavam ser impossível: tirar o 7º Batalhão do fundo do poço e trazer novamente o respeito da população por sua polícia. Ficando ou não em São Gonçalo, onde estiver levará a marca do servidor público que atende à população, sabendo que muito, mas muito mesmo deve ser feito.

Leia entrevista com a advogada Adriana Brandão aqui.

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