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Mal com o povo e bem na Câmara, Mulim se equilibra como pode



Recentemente numa entrevista que fiz com um gonçalense de 13 anos, atento às coisas da política da cidade em seu blog, perguntei qual avaliação ele fazia do prefeito Neilton Mulim. De zero a 10 cravou um 4. Em outra entrevista, esta com uma velha raposa gonçalense, o vereador Lecinho Breda, diante da mesma pergunta, deu nota 8 para o prefeito.

Lecinho é líder do governo e o maior beneficiário na Câmara das ações de Mulim na área da saúde, através da implantação de programas conveniados com o governo federal via Ministério da Saúde. E o vereador retribui toda a visibilidade que tem junto ao eleitorado com uma fidelidade canina ao prefeito e com o controle absoluto sobre os seus colegas, que garante ao Executivo uma maioria pra lá de folgada de 21 dos 27 parlamentares.

Mas até maio o céu de Mulim era bem cinzento, chegando a ter 13 vereadores que, se não faziam oposição aberta, ensaiaram várias rebeliões do alto da Tribuna contra o prefeito. Vivíamos momentos tensos na educação com a greve dos professores e com a crise do fornecimento de merenda. No mesmo mês de maio a Justiça proibiu a circulação das vans a R$ 1,50 gerando um desgaste profundo do chefe do executivo com os trabalhadores do transporte alternativo e com boa parte da população.

Em julho o governo envia uma mensagem à Câmara visando regularizar a situação das vans. A fragilidade jurídica do documento, reconhecida até pelos trabalhadores, foi a principal causa da maior derrota política do governo entre os vereadores. O caldo entornou. As alcunhas de "pinóquio" e "mentiroso" saem das ruas e adentram à Câmara pela voz do vereador Alexandre Gomes, ferrenho opositor de Mulim. O mesmo parlamentar propôs uma CPI da merenda que teve 8 das 9 assinaturas necessárias. Bateu na trave.

Tudo indicava que o céu fecharia de vez e cairia uma tempestade sobre o governo que deixaria desabrigado o executivo até às eleições de 2016.

Pelo menos entre os vereadores isso não aconteceu. Por quê? Porque o governo mudou a sua postura e cedeu espaço no governo aos parlamentares. Diga-se: cargos. E foi justamente o PMDB do vereador Lecinho o maior beneficiado. Especula-se que Mulim negocia sua entrada no partido.

Até a grande crise de julho a prefeitura fora praticamente toda loteada pelo super-secretário Sandro Almeida, que acumulava incríveis 5 secretarias. Grande parte da queixa dos parlamentares se referia aos poderes acumulados pelo secretário que muitos afirmavam ser o prefeito de facto da cidade devido aos constantes sumiços e ausências de Neilton Mulim.

Almeida, que deve concorrer à vereança em 2016, cedeu algumas secretarias, dividiu a sua influência em outras e se afastou dos holofotes das cerimônias públicas de inaugurações do governo. Mulim, que vivia uma espécie de exílio voluntário, reaparece sorridente nas cerimônias e não se furta em tirar fotos com seus novos e velhos apoiadores na Câmara.

Esse novo rearranjo político teve o seu preço. E não é baixo. Atolada em dívidas (só o relatório do 2º quadrimestre apontava rombo de mais de 200 milhões de reais) a prefeitura não fez o seu dever de casa e negligenciou a elaboração de um plano de contigenciamento orçamentário sugerido pela comissão mista de finanças da Câmara no final de 2014. Também contrariando o Ministério Público, o executivo manteve e ampliou o número de cargos comissionados na administração, numa atitude óbvia de favorecimento aos seus novos e velhos apoiadores.

Já blindado na Câmara, o fato do prefeito desrespeitar a lei de responsabilidade fiscal (LRF), que rege os gastos com o funcionalismo, não sensibiliza a maioria dos parlamentares. Também não sensibiliza os nobres vereadores os calotes continuados da prefeitura com as empresas de serviços essenciais, como a coleta do lixo.

Sobre a infração à LRF, o Sindicato dos Servidores Públicos (Sindspef-SG) protocolou na Câmara pedido de impeachment de Mulim, mas o documento nem sequer chegou à análise do presidente da Casa, Diney Marins, sendo travado ainda na Procuradoria. Sobre o lixo, novamente o vereador Alexandre Gomes pediu aos colegas a instalação de uma comissão de inquérito (CPI) para investigar as causas do péssimo serviço prestado, mas as assinaturas para a instalção não devem passar de 4 vereadores.

Nesse ambiente de permissividade e cumplicidade, foi aprovada pelos vereadores no dia 08 de dezembro uma Mensagem Executiva que escancara o momento de subserviência total dos parlamentares aos caprichos de Mulim: a permissão para que o executivo aliene (venda, penhore) os bens públicos do município, mesmo com parecer contrário da Comissão de Constituição e Redação, presidida pelo vereador e advogado Marlos Costa (PSB). Isso equivale a dar ao louco a chave do manicômio.

Se os senhores vereadores tiverem boa memória, lembrarão que em 2012 mais de 70% da Câmara foi renovada e os eleitores não elegeram o prefeito da situação. O povo dará a verdadeira nota.

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