top of page

Querido divórcio



Talvez seja pela nossa herança judaico-cristã, talvez o resultado de uma educação machista, o fato é que o divórcio é, em geral, encarado como uma derrota na vida de uma mulher. A Lei do Divórcio no Brasil é bem jovem, data da década de 70. Naquela época, muitas famílias enlutavam-se com a presença de mulheres divorciadas. Muitas delas, após a separação, sequer podiam sonhar em se casar novamente, tamanho o preconceito que sofriam. Tenho conversado com mulheres divorciadas. Coincidências da vida (ou não), ultimamente, várias delas acabam num papo comigo confidenciando a incrível “(a) – ventura” do divórcio e da reconstrução. Impressionante como suas vidas se refizeram, se transformaram para melhor e ganharam novos significados. Eu poderia escrever um livro sobre essas histórias permeadas de sofrimento e superação. Essas mulheres encontraram na separação a força de que precisavam para amadurecer. Duvida? Uma amiga minha se separou há alguns anos após descobrir uma dolorosa traição. É claro que ela chorou. Com dois filhos para criar, enxugou as lágrimas e terminou a faculdade, estudou e passou em um concurso público, abriu o coração e apaixonou-se novamente. Culta, jovem e belíssima, uma segunda amiga abriu o verbo: “só soube o que era orgasmo quando me separei”.

Conversando com uma colega de trabalho, uma mulher linda e super alto astral, ela me confessou sua separação. Eu já havia reparado que ela emagrecera mais de dez quilos, fruto de um tratamento de reeducação alimentar, ao qual ela se dedicou após o divórcio. Com um sorriso largo e lindo no rosto, ela ainda me revelou que voltara a dirigir, coisa impensável quando estava casada com um homem que a reprimia, pondo-lhe mil defeitos ao volante. O fim de um casamento não é bom, nem mesmo um momento feliz na vida de ninguém. De fato, é doloroso. Entretanto, assim como todo ciclo, o fim e o começo são bem rentes. O que parece um pesadelo pode ser, no fundo, uma fase de transição, um caminho para um nova e deliciosa etapa da vida.


Flavia Abreu é professora e escritora.

Gostou? Curta a página Daki no facebook aqui e fique bem informado.


POLÍTICA

KOTIDIANO

CULTURA

TENDÊNCIAS
& DEBATES

telegram cor.png
bottom of page