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O Amor e o movimento em forma de dança


Dando seguimento a série de entrevistas que o Jornal Daki está realizando com os artistas de Itaboraí e São Gonçalo, desta vez o nosso bate papo é com a bailarina e coreografa Laine Faria Martins Caiado (27). Moradora do bairro Trindade, São Gonçalo, Laine Caiado é responsável pela Cia de dança Amorvimento e nos conta como é fazer parte de um crescente numero de artistas de dança contemporânea que lutam por espaço, reconhecimento e valorização.

Apaixonada pela dança desde a infância, a coreografa junto com sua Cia vem desenvolvendo movimentos e coreografias que qualificam sua dança como arte sendo reconhecida dentro e fora da cidade de São Gonçalo.

Neste primeiro bloco, a artista fala ainda sobre os projetos para o futuro, as dificuldades, como é se manter com a arte e muitos outros assuntos, confira!

Jornal Daki: Como você começou a se interessar pela dança e chegou a se profissionalizar?

Laine: Desde que eu me entendo por gente. Sempre quis dançar. As pessoas me perguntavam o que eu queria ser quando crescesse e eu respondia que queria ser bailarina. Porém só comecei a fazer ballet com 12 anos, mas eu amava. Fiz ballet em várias academias até que passei para a faculdade de Dança na UFRJ e lá tive a oportunidade de aprender muito mais. Lá me apaixonei pela dança contemporânea fiz parte da Cia de dança contemporânea da UFRJ que me proporcionou experiências incríveis de aulas, criações, ensaios e apresentações.


Jornal Daki: Como se deu a criação da Cia Amorvimento, desde sua idealização?

Laine: A Cia surgiu da vontade de dar continuidade aos processos criativos através da dança. De dar corpo as ideias de movimentos guardadas. Minha ideia era começar construindo um solo, mas conheci uma pessoa, Mayk Almeida, que me fez ter vontade de partilhar os meus sonhos, então o chamei para criar uma Cia junto comigo. Nós tínhamos um duo que chamei de amorvimento. O Mayk gostando do nome deu a ideia de colocarmos este nome na Cia, então surgiu Amorvimento Cia de Dança. Logo depois consegui um espaço para fazermos aula e ensaiar. E comecei a chamar algumas pessoas para fazerem parte também. E assim começamos.

Jornal Daki: Consciente do seu valor como bailarina, como avalia a interferência dessa mudança em seu processo criativo?

Laine: Na faculdade, na Cia, sempre fomos estimulados a criar com o nosso próprio corpo e muitas das vezes com outros corpos. Entretanto pensar em uma coreografia para outras pessoas é diferente porque cada corpo tem uma singularidade e trás experiências únicas para um trabalho proposto, cada um tem um potencial para se desenvolver, dentro deste potencial a gente trabalha através de um tema para que aqueles corpos se encontrem e criem um único corpo. Minha experiência como bailarina se entrelaça na experiência que eles estão tendo, pois eu também já fiz parte de processos criativos. E poder passar para eles a experiência e ver a transformação, evolução e crescimento, ver cada um se expressando com sua singularidade é gratificante.

Jornal Daki: Como você elege e faz contato com novos integrantes?

Laine: O bailarino acima de tudo precisa querer. Geralmente converso com eles e vejo o seu interesse. Porque ele vai ter que fazer aula e ensaiar então ele tem que estar disponível para isso. Outros vêm convidados pelos próprios bailarinos. Tenho uma integrante da Dança de Salão com anos de dança, outras com pouco tempo. Tenho uma integrante com anos de dança e outro com meses, mas que são dedicados e o resultado desta dedicação foi uma premiação no Festival Nacional De Danças De Cabo Frio.

Jornal Daki: E como é, geralmente, o processo de criação entre o convidado e o grupo?

Laine: Eles participam como um integrante da Cia. São muito bem vindos sempre.

Jornal Daki: Você acaba desenvolvendo outras habilidades de dialogar, de se expressar através da dança, fale sobre isso.

Laine: Sim. Existem múltiplas formas de dialogar através dança. Um exemplo é duo “Sonhos de Amor” com os bailarinos Juhlly e Gustavo. É romântico e respeitoso. Os dois são namorados e através da dança no duo os dois expressam o amor que tem um pelo outro assim como pela dança.

Jornal Daki: A companhia tem uma sede?

Laine: Sim. Com o apoio, ensaiamos hoje, em São Gonçalo no bairro Trindade, na Faculdade Universo.

“Eu nunca imaginei dançar, muito menos fazer parte de uma companhia! Certa vez fui convidado pela minha namorada para assistir a um ensaio e acabei participando também. Daí em diante fui aprendendo mais coisas e ainda estou em fase de aprendizado.”

Gustavo Chantre

Jornal Daki: Qual é a sua percepção da dança, de acordo com sua experiência?

Laine: Desde cedo, quando percebi que a dança fazia parte da minha vida, pude verificar o enorme potencial de bem estar que é proporcionado a quem a pratica. Além da melhoria da qualidade de vida e aumento da saúde corporal a dança também tem a virtude de fortalecer a autoestima, a autoconfiança, assim como o aumento da concentração, da disciplina e expressão. Esta rica plasticidade do corpo humano de se abrir a inesperadas possibilidades criativas faz com que o nosso corpo se expanda em movimentações ilimitadas. Estas vivencias nos libertam, libertam nosso corpo, o que permite nos aprofundar na fluidez do nosso ser sentindo e vivendo a leveza interior do movimento. A dança contemporânea requer coragem, exige que nos coloquemos em um espaço onde não temos tanto um modelo tradicional que só decora formas prontas, mas que cria e recria milhares de possibilidades de movimentos.

Jornal Daki: O que falta ao cenário da dança local?

Laine: Mais apresentações de dança pela cidade. Acho que estimular mais o público para apreciar a dança ou fazer parte dela. Um espaço para os artistas produzirem seus trabalhos.

Jornal Daki: Como ver a dança contemporânea no Brasil, no século XXI?

Laine: A Dança conquistou seu espaço. Existem várias Cias de dança contemporânea com linguagens diversas e trabalhos lindos. Mas ainda temos muito que conquistar. Geralmente nós fazemos dança para as pessoas que dançam ou que tem alguém na família que dança, raramente nós vemos um público que vai ver dança apenas porque curte ver a dança de tal Cia. Precisamos estimular mais a cultura, divulgar mais os trabalhos dos nossos artistas. Acredito que as pessoas querem ter acesso a cultura, sendo assim, elas precisam conhecer. O Brasil tem um povo muito criativo que fomenta por alimentos da alma, que é se expressar através da arte. Arte de múltiplas formas, nosso folclore é muito rico e precisamos desbravar isto e dar valor ao que a gente tem e o que é nosso. Quantas dificuldades os artistas enfrentam para mostrar sua arte? Precisamos cuidar da nossa cultura.

Jornal Daki: Quais seus planos para o futuro?

Laine: Preparar um espetáculo para apresentar em vários lugares. Conquistar um espaço para abrir mais oportunidade às pessoas que querem fazer parte da Cia.


Jornal Daki: Como foi participar do FAM – 1° Festival Apolo Multicultural e o que você achou da proposta?

Laine: Foi muito bom! Além de podermos nos apresentar conhecemos outros artistas e outros trabalhos. Valeu muito a pena! A proposta de fazer com que quem venha participar tenha conhecimento de várias artes e assim poder sentir com qual cada um se identifica mais, precisa ser mais conhecido.

Continua...

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