Episódio lamentável de ontem revela real estatura do presidente da Câmara
Ontem foi escrita uma das mais tristes páginas da história da Câmara de Vereadores, graças a ambição desmedida e erros de cálculo políticos primários de seu presidente, Diney Marins, que diante de uma iminente derrota, mandou a procuradoria da Câmara redigir um parecer contrário às eleições que ele mesmo havia convocado. Em 2013 o presidente usou do mesmo estratagema e foi reeleito naquela ocasião.
Marins convocou de maneira atabalhoada eleições no dia anterior para a presidência e mesa diretora do biênio 2019/2020. O presidente, além de acreditar que tinha maioria simples (14) para garantir a reeleição, confiou no fator surpresa que deixaria os outros vereadores desorientados no dia da votação. Muitos, se não a maioria, sequer foram notificados oficialmente.
Os parlamentares (18 ao todo) rapidamente se articularam na noite de quarta-feira na sede da prefeitura com a presença do prefeito José Luiz Nanci. As conversas continuaram no dia seguinte.
A estratégia tirada da reunião foi se apresentar na sessão com uma chapa formada e assim enfrentar Marins no voto ou anular a eleição, trabalho que a procuradoria tratou de fazer às vésperas da hora fatal sem precisar da intervenção dos parlamentares. A eleição sequer entrou na pauta da sessão de ontem.
A sessão, como previsto ontem pelo Jornal Daki, começou quente e tumultuada, com trocas mútuas de acusações que quase chegaram às vias de fato entre os vereadores Capitão Nelson (PODE) e Eduardo Gordo (PMDB), o mais exaltado entre os parlamentares, que chegou a acusar a manobra do presidente de golpe, afirmação não muito distante da realidade.
Coube a Diney Marins se agarrar ao parecer que mandou fazer a fim de preservar um patrimônio político que ele mesmo fez questão de implodir. No popular, 'sair a francesa', mas como um elefante em loja de cristais.
A ironia das ironias é que Marins reagia com cara de paisagem às indagações dos vereadores sobre a convocação da eleições, em documento oficial com a assinatura do próprio presidente.
Nada respondia.
Talvez isso tenha aberto brechas para uma tese maluca espalhada nas redes sociais de que tudo seria conspiração do prefeito para controlar a Câmara, como se o chefe do executivo tivesse poder em conceder uma mera moção de aplausos na casa legislativa.
De qualquer forma, o episódio serviu para mostrar a real estatura do presidente da Câmara. Ontem foi primeiro dos seus últimos dias à frente do Poder Legislativo.
Abaixo, o ato convocatório assinado pelo presidente Diney Marins.
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