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A missão inglória de governar São Gonçalo



Com baixa arrecadação, prefeito não consegue investir na área mais carente da cidade: infraestrutura urbana

O município de São Gonçalo é quase uma impossibilidade. Governar esta cidade com mais de 1 milhão de habitantes sem ter recursos próprios para investimentos de peso que realmente mudem a realidade das pessoas é uma missão ingrata para qualquer governante.

A arrecadação própria não tapa nem o buraco do dente do que a cidade precisa. Apenas 21,7% (dados de 2014) do orçamento vêm de impostos e taxas próprios, o restante da receita depende dos humores políticos e econômicos dos governos estadual e federal, além do que é previsto pela Constituição Federal para as áreas de Educação e Saúde, que possuem a segunda maior rede do estado, atrás apenas da capital Rio de Janeiro.

O prefeito José Luiz Nanci, além de ter de encarar o pepino de uma dívida irresponsável produzida pelos seus antecessores, e uma crise econômica e social sem precedentes na história do país, foi obrigado a reformular o código tributário visando maior arrecadação e o equilíbrio das contas, adotando uma cobrança progressiva nas taxas de iluminação e de lixo - entre outras ações -, o que não evitou insatisfação e desgaste político em parcela significativa da sociedade, em sua maioria comerciantes, embora se saiba que os valores dos impostos no município estejam há anos deprimidos e sejam em termos comparativos muito menores do que nas cidades vizinhas, como Itaboraí e principalmente Niterói.

Mas nem por isso São Gonçalo consegue segurar ou atrair novos empreendimentos com empregos qualificados. E o inevitável fechamento da fábrica Coqueiro, no Porto Velho, é uma triste constatação disso.

Sem dinheiro, investimentos em infraestrutura e em recursos humanos são inviáveis, impedindo ad eternum as imprescindíveis intervenções urbanas que desfaçam as bobagens do passado, principalmente nas áreas de loteamentos às margens de rios, da Baía de Guanabara e mais recentemente na região do Grande Anaia, último reduto de área verde do município, hoje quase que completamete dominado territorialmente pelo tráfico de drogas e por construções irregulares, a triste sina de São Gonçalo e uma das causas da maior das dores de cabeça dos prefeitos, qualquer prefeito. Constroi-se antes para a infraestrutura vir depois. Isso tem que dar ruim, não tem jeito.

O governo, mesmo tendo o pior orçamento per capita do estado, se vira como pode. As áreas básicas da saúde, educação e desenvolvimento social funcionam relativamente bem e a folha salarial está em dia. Com mais dinheiro para duas áreas específicas do lixo e da ilumicação pública, os serviços devem estar regularizados até o meio do ano. Mas os alagamentos devem continuar, e o capeamento e recapeamento de vias só serão feitos de modo pontual. Sorry. Dont have money. E isso é uma péssima notícia para as pretensões de reeleição do prefeito.

O ex-vereador Dudu do Catarina conta uma história de um morador do seu bairro que afirmou peremptoriamente preferir a rua asfaltada do que um posto de saúde. “Posto a gente precisa uma vez ou outra, mas a rua se usa todo dia. Não aguento mais colocar saco plástico no pé quando chove”. Essa percepção no gonçalense é muito arraigada e é o que decide eleição.

Matéria disponível no jornal impresso.

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