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Calor ainda castiga usuários de ônibus em São Gonçalo


Metade da frota ainda não está climatizada. Lei municipal obriga instalação de ar-condicionado em todos os veículos até 2020


“Para andar de ônibus em São Gonçalo é preciso uma bolsa de munições contra o calor”. Esse foi o desabafo da técnica de enfermagem Nádia Pinto, 57 anos. Garrafinha de água e toalha para enxugar o suor são algumas ferramentas que os gonçalenses usam para enfrentar as altas temperaturas dentro dos coletivos. A Secretaria Municipal de Transportes de São Gonçalo informou que cerca de 50% da frota que atua município já está climatizada, e a expectativa é que até 2020 100% dos coletivos recebam ar-condicionado.

Em dias quentes é difícil usar o transporte público com qualidade pelas ruas do município. A gonçalense Nádia diz que não sai de casa sem levar uma toalha para secar o suor, dela e do neto Miguel.

“Eu ando muito de ônibus. A cidade já é quente e dentro do coletivo é pior ainda”, contou.

O desempregado Manoel da Silva, 53 anos, disse que mora no Centro de São Gonçalo e usa o ônibus para ir até a casa do filho.

“Eu só consigo ir de manhã bem cedo ou então a noite. De tarde, com o sol alto, é impossível andar de ônibus. Prefiro ir andando do que ficar trancado no ônibus”, ressaltou.

O motorista Gileander Rodrigues, 42 anos, explicou que geralmente assume um carro com ar-condicionado, mas ontem teve que fazer a linha 01 (Santa Isabel X Fórum).

“O maior problema é ter que dirigir com o motor quente do meu lado. As pernas ficam quentes e sobe uma onda de calor que é muito ruim. Somente com muita água é possível encarar esse verão dentro do ônibus. Vejo alguns passageiros fazendo de tudo para ficarem mais frescos, como se abanarem com panfletos”, exemplificou.

A Secretaria Municipal de Transportes informou em nota que os ônibus em São Gonçalo não eram climatizados até o início da gestão do atual prefeito, José Luiz Nanci. O Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Setrerj) foi questionado sobre a climatização dos coletivos, mas até o fechamento dessa edição não se manifestou. Em São Gonçalo existe a Lei 061/2017, que obriga todos os coletivos que rodam no município a serem climatizados.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Trasportes Rodoviários de Passageiros de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac), Rubens dos Santos Oliveira, explicou que existem três propostas para reduzir o impacto das altas temperaturas do Verão nos rodoviários e passageiros, uma vez que a temperatura dentro de um ônibus pode chegar a 70°C nos dias mais quentes.

“A primeira foi a climatização de 100% da frota; outra o fornecimento de água potável e manutenção de banheiros nos pontos finais, de modo que os rodoviários possam fazer sua higiene pessoal e enfrentar o calor; e, por fim, a aquisição de veículos com motores na parte traseira, reduzindo, assim, o calor no interior do coletivo”, contou.

Rubens informou ainda que esses três pontos são cobrados em todas reuniões que o sindicato tem com autoridades.

“Sobre a água potável e manutenção de banheiros, que é uma obrigação das empresas, estamos enfrentando problemas com a Galo Branco e a Estrela, mas o Sintronac está fiscalizando e comunicando as irregularidades ao Ministério Público do Trabalho. Sobre a questão do motor traseiro, temos um problema maior, pois tudo poderia ser solucionado se essa norma fosse estabelecida nos contratos de licitação. No entanto, Estado e municípios simplesmente ignoram os rodoviários quanto formulam esses contratos e nem sequer enviam uma cópia para o Sindicato. Mas continuaremos insistindo nesse ponto, pois o calor do Rio de Janeiro é um dos intensos do País e, no Verão, fica insuportável, aumentando a carga de estresse dos rodoviários e, consequentemente, aumentando os riscos de acidentes e de danos à saúde dos profissionais e dos próprios passageiros”, concluiu.

As viações Galo Branco e a Estrela foram questionadas sobre a falta de água potável e manutenção dos banheiros para motoristas, mas a assessoria de imprensa delas informou que a informação não procede para os pontos administrados pelas empresas.

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