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São Gonçalo e a poética da memória, sob o olhar de Rachel Santo Antonio



Dizem que uma das maiores potências da vida é o que chamamos de força de vontade. O gonçalense que o diga! Sem estímulo de governo, ainda assim, certos intelectuais daqui, como é o caso de Rachel Santo Antonio, por exemplo, se põem a fazer história sobre o nosso município desde muito tão desacreditado.

Dia desses, o inesperado do acaso resolveu fazer cair nas minhas mãos o livro de poesias da geógrafa, professora e ativista cultural Rachel Santo Antonio. Pois é, conheci uma das mais empenhadas pesquisadoras sobre o município de São Gonçalo — e isso aconteceu no evento da prefeitura, cuja comemoração marcava dia da leitura e aniversário antecipado dos 440 anos de fundação de São Gonçalo. Trocas de gentilezas, sorrisos sinceros e conversa sobre livros fizeram da instantânea afinidade algo mais do que esperável no quesito conhecimento. Pudera! Saber de coisas sobre nosso município aproxima interesses e nos permite compartilhar ideias.

Bem, melhor falar logo da surpresa que tive ao abrir o livro de Rachel Santo Antonio, pois, distintamente das narrativas historiográficas deste nosso município, o volume São Gonçalo em texto poético faz jus à proposta da professora e geógrafa nascida aqui: versa sobre o município gonçalense e, desta vez, se volta unicamente para o gênero poesia. A escritora é Bacharel e Licenciada em Geografia, Pós-graduada em Tecnologia Educacional e coautora do livro História e Cidade: Dos fragmentos da história à cidadania ambiental. Autora e implementadora do curso Conhecendo São Gonçalo (MEMOR/ICBEU), é também membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Gonçalo (IHGSG), integrante da Academia Gonçalense de Letras, Artes e Ciências (AGLAC) e do Instituto Gonçalense de Memória, Pesquisa e Promoção Social (MEMOR).

Valendo-se de edição e diagramação autônomas, Rachel Santo Antonio se serve das histórias documentadas e extrai elementos do tempo e espaço das suas recordações, e caminha para o tipo de “decoupage” literária em favor da memória do nosso município. E isso vai desde a explicação sobre o Rio Imboaçu, passando pela Ilha das Flores e a Fazenda Quintanilha, até à experiência autoconfessional sobre o bairro do Pita (logradouro onde a autora ainda reside), e outros tantos lugares. Além disso, o livro conta com o atento prefácio do professor e Mestre Helter Barcellos, quando ressalta o ângulo sensível da escrita e aponta o caráter predominantemente emotivo no espaço poético — onde as dimensões da fantasia se juntam aos quadros representativos da São Gonçalo de hoje e de outrora. Acresce ao volume a apresentação do Mestre Marcelo Azeredo e a dedicatória da psicóloga e educadora Magda Azevedo dando assim pertinentes contribuições-testemunho.

Ainda como algum tipo de demonstração biográfica das marcas que as amizades imprimem em seu fazer literário, também há no volume São Gonçalo em Texto Poético poemas dedicados a figuras notáveis, que tanto preencheram de sentido a vida da autora. São exemplos dos poemas em que avultam as referências biográficas: “Salvador da Mata e Silva” (p. 42), “Mauro Israel Moreira” (p. 35), “Unforgettable Avair” (p. 55), “Helter Barcellos” (p. 16), “Tributo a Odacy Fagundes” (p. 63), “Lorena e Luana” (p. 67), dentre tantos outros não menos importantes e necessários à organicidade da obra.

Com isso, o leitor que decidir tomar contato com o município de São Gonçalo, através de poemas sobremaneira visuais, estará sujeito a se enamorar da história desta terra. Pois, não falta à escrita em questão aquele “cadinho” de nostalgia acerca da cidade onde “cada um tem seu porém” (p. 60). Portanto, adentre, conheça e aproveite a geografia textual presente no livro de Rachel Santo Antonio, de uma terra “onde sonhos (nunca nos) faltarão” (p. 67).

Referência:

SANTO ANTONIO, Rachel. São Gonçalo em Texto Poético. São Gonçalo, RJ: edição da autora, s/d.


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