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Recordações, por Fábio Rodrigo



Chego a um daqueles lugares que me fazem sentir em casa. Estou na praça Estefânia de Carvalho, mais conhecida como a praça do Zé Garoto, onde durante oito anos fez parte da minha vida. Não há como me esquecer do espaço de terra que hoje abriga um parquinho. Local em que eu e meus amigos jogávamos futebol após a escola. Era uma época em que o suor e a poeira no rosto não eram incômodo nenhum. Não tínhamos pressa pra chegar em casa e tomar um banho.

Diferente das novas gerações, buscávamos o prazer e a diversão nas coisas mais simples. Foi o tempo em que “pescar” moedas no bueiro ao lado do chafariz era momento de total descontração. Enquanto a geração atual tem destemperamento, nós tínhamos um ímã amarrado com barbante. A quebra de paralelismo semântico é proposital. Afinal de contas, há total discrepância entre os jovens de hoje e o da minha época.

Eu estudava no colégio Nilo Peçanha, situado ao lado da praça. Aqui era meu espaço para conversas com os amigos do colégio antes e depois da aula. Interessante como tudo não me deixa esquecer. E lá se vão mais de 30 anos. O som suave da água no chafariz é o mesmo. A estátua do Lavoura, ex-prefeito de São Gonçalo, permanece imponente. As árvores do local me dão a sombra e a tranquilidade para respirar a nostalgia que passa por mim.

É para cá que venho quando preciso fazer horas enquanto aguardo um compromisso. Sento no banco da praça e começo a escrever esta crônica. Deixo vir à tona as lembranças de um tempo em que os amigos eram outros, as preocupações eram outras, a vivência era outra. Toda hora penso que vou encontrar alguém daquela época.


Sentado bem próximo a mim, um homem de meia idade puxa conversa comigo. Aqui é assim. Ninguém pode ver o outro quieto que já querem conversar. Um tempo depois, este mesmo homem avista outro que passa. Fica na dúvida se é alguém conhecido e diz:

‒ É você, Fernando?!!

Os dois entreolham e se reconhecem de um tempo longínquo. Em seguida, dão um longo abraço.

Enfim, não sou o único a ter recordações neste lugar.


Fábio Rodrigo Gomes da Costa é professor e mestre em Estudos Linguísticos.

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