Porto Velho homenageia os mortos, celebra a vida e pede paz
Mas moradores exigem solução imediata para crime cometido no Campo da Brahma
Mais de 200 pessoas compareceram ao ato/Foto: Divulgação
Centenas de gonçalenses, moradores e ex-moradores do Porto Velho, se reuniram nesta manhã de domingo para se solidarizarem às famílias, homenagear os amigos mortos, celebrar à vida, cobrar ações efetivas das autoridades e pedir paz ao bairro.
Representantes de diversas denominações religiosas foram responsáveis por dar o tom ecumênico ao encontro e fazer orações em memória das vítimas fatais da matança ocorrida no domingo passado (26/5) no campo da Brahma.
No ato de hoje, um memorial em forma de cruzeiro foi inaugurado com os nomes das pessoas que tombaram após ação cruel e covarde de criminosos que não miraram apenas às vítimas, mas para toda a sociedade, como afirma um morador, em anonimato:
- Está muito difícil seguir, mas não podemos baixar a cabeça e deixar que um ato covarde como esse mate um bairro inteiro. Esperamos que essa tragédia traga alguma coisa de positivo pra gente daqui pra frente. Toda a sociedade foi atingida nesse atentado. A sensação de insegurança chegou a níveis insuportáveis - disse.
Na placa, a inscrição: “ Temos que ter convicção que dias melhores virão para o nosso bairro. Saudades daqueles que partiram”. Foto: Cristiana Souza
Uma semana depois da ação criminosa que deixou saldo de quatro mortos e sete feridos, o sentimento geral é de incredulidade em achar os assassinos, segundo relatado hoje:
- A polícia no calor do acontecimento demonstrou interesse em resolver logo o assunto e achar os criminosos, mas parece que nada saiu do lugar. Ninguém quer falar (depor) e a polícia não dá satisfação das investigações. É só boataria. Quem vai ter coragem de voltar a frequentar o campo de novo com os assassinos à solta? Até pra sair e tomar um açaí as pessoas têm medo - lamenta outro morador.
Dos sete feridos, cinco estavam presentes, mas não quiseram saber de exposição. Outros dois seguem internados lutando pela vida.
O ato foi organizado por moradores e membros do Grupo União, que organiza as peladas no campo, e teve apoio logístico da Guarda Municipal e da Polícia Militar, que enviou uma viatura.
Imediatamente após o ato religioso, caiu forte chuva obrigando a dispersão dos presentes munidos de camisas e bolas brancas que se reuniam em frente a uma tenda e coreto especialmente montados no campo, reforçando grande simbolismo espiritual ao evento que inspirou um comentário poético de uma moradora:
- Essa chuva caiu porque o Porto Velho chora. Isso é o choro de todos nós para nos purificar a alma e inventar um novo recomeço. O mal não irá nos derrotar - disse, em discreto sorriso, encharcada de água e emoção, num abraço a esse repórter.