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A fé em Cristo cobriu São Gonçalo - por Mário Lima Jr.


Foto: DiMCarvalho
Foto: DiMCarvalho

Na Missa de 11 horas do dia 12 de junho, Padre André pediu aos fiéis da Paróquia São Gonçalo de Amarante, marco da fundação da cidade, que a celebração de Corpus Christi fosse uma confirmação pública da fé no corpo vivo de Jesus Cristo entre nós. Quatro dias depois o pedido foi cumprido não apenas pelos fiéis da paróquia. Um mar de gente, estimado em 100 mil pessoas pela Prefeitura Municipal, esteve presente nas ruas Coronel Moreira César e Feliciano Sodré afirmando sua fé e admirando os dois quilômetros de tapetes de sal, enorme obra de arte.


Filmes de orientação cristã geralmente associam fé a sacrifícios físicos e automutilação, mas em São Gonçalo o povo já sofre demais, não houve nada disso no feriado do dia 16. A fé popular foi convertida em paz, harmonia, amizade e amor durante todo o dia, sentimentos que contaram com a boa organização do evento através da parceria entre a Igreja Católica e o Poder Público.


É verdade que membros da organização da festa e alguns dos seis mil voluntários permaneceram de pé por mais de 15 horas, desde a distribuição das 50 toneladas de sal no início da manhã até a limpeza das ruas à noite. Mas ninguém demonstrou dor, cansaço ou sofrimento. A expressão de cada pessoa que visitou ou ajudou a construir o maior tapete de sal da América Latina era de alegria.



Crianças, adultos e idosos se empolgavam diante dos 240 painéis montados pelas paróquias do município e não conseguiam parar por muito tempo para fotografar um só. A alegria foi levada para casa e é discutida até hoje com amigos e nas conversas em família. Transformado pelo lindo resultado da própria união, o povo de São Gonçalo ainda vive o impacto do retorno grandioso da festa após dois anos de pandemia. Ainda que não seja totalmente cristã ou católica, nenhuma cidade permanece a mesma depois que 100 mil pessoas se juntam com a mesma intenção.


Curiosamente, o auge da celebração é a destruição do longo tapete, ao invés da beleza da sua confecção. Porque é o corpo de Cristo na hóstia consagrada quem caminha sobre o sal, espalhando-o, com a multidão imitando seus passos. Nesse momento, logo após a Missa de Corpus Christi e no início da procissão, a concentração de pessoas a partir da Igreja Matriz era tão grande que a rede de serviços da Claro parou de funcionar. Caíram os sinais de celular e Internet no local. Quem podia fotografava, transmitia ao vivo e registrava os louvores cantados ao longo do caminho.


Naquela que é a principal avenida de São Gonçalo, de uma calçada a outra não havia espaço para nada, muito menos tristeza. A noite tomava o lugar do dia, então velas foram acesas e as lanternas dos celulares foram ligadas. Com um sorriso no rosto, mesmo espremido, o povo cantava e chorava com Jesus à frente em uma festa que entrou para a história da cidade.

 

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Mário Lima Jr. é escritor.


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