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A porção gonçalense na crise da água, por Helcio Albano


Uma parte considerável da população carioca e da Baixada, uma bagatela de 9 milhões de pessoas aproximadamente, vêm sofrendo há mais de 1 mês com a gravíssima crise de abastecimento de água da Cedae.


A empresa, a única que restou da privataria tucana no Rio promovida pela família Alencar nos anos 1990, está na berlinda, e a sua privatização na bacia das almas, antes provável no bojo do ajuste fiscal draconiano imposto ao estado pela União em 2016, agora parece inevitável, caso os planos do Careca de Jundiaí logrem sucesso.


Não é só privatizar, mas fazê-lo com requintes de crueldade, numa putaria à luz do sol a partir de uma sucessão de decisões politiqueiras inacreditáveis e irresponsáveis na gestão da Companhia.


Vejamos:


Ao tomar posse em 2019, Witzel incumbe o seu padrinho político, o famigerado pastor Everaldo, a ter o controle total da Cedae e aprofundar, como nunca antes na história, o já conhecido balcão de negócios - de todos os tipos - dentro da empresa.


Everaldo indica o ex-conselheiro da [assassina] Samarco, Helio Cabral, para presidir a Cedae que, ato contínuo, em março do mesmo ano, demite 54 profissionais do mais alto gabarito, 34 deles engenheiros responsáveis diretamente pela qualidade da água. A maioria com mais de 20 anos de empresa.


Ocupam os seus lugares, já em abril, políticos com votos, mas sem mandatos, entre eles o gonçalense Dejorge Patricio que, convenhamos, entende bulhufas de geosmina e carvão ativado.


Isso explica porquê chegamos a esse ponto. E prova, definitivamente, que Witzel é um embusteiro, cínico e mentiroso.

Plus

Se a equipe técnica e ultracompetente da Cedae garantia o abastecimento de água minimamente com qualidade à população, sua saída escancarou um problema não apenas de gestão da empresa, mas ambiental crônico.


Os rios que servem à estação de tratamento do Guandu são, literalmente, esgoto químico e orgânico. O que, por si só, deixa em xeque a segurança hídrica das cidades que dependem do bem mais precioso à vida. Como se fosse uma arma engatilhada permanentemente apontada para nossas cabeças.


Solucionar o problema de modo definitivo envolve esforços não só da Cedae, mas dos órgãos de controle ambiental como Inea, por exemplo, subordinado à Secretaria do Ambiente (SEAS), que tem obrigação de coordenar ações na área, prever e mitigar danos como esse que assola mais da metade da população do estado em plena alta temporada do turismo às vésperas do Carnaval.


Mas a megalomania witzeliana, vocês sabem, é, acima de tudo, imprudente.


No final de 2019, o governador desmonta a equipe técnica da área ambiental, com as exonerações da secretária Ana Lúcia Santoro da SEAS e de Cláudio Dutra, presidente do Inea. Na ocasião, disse Dutra: "Preferi sair a aceitar certas condições".


Sob certíssimas condições, assume a Secretaria do Ambiente, em dezembro passado, um velho conhecido dos gonçalenses, o deputado, Altineu Cortes que, devido o silêncio em plena crise da água, deve ter se recolhido em sua fazenda em Santa Isabel.


Bônus

Luciano Roberto Santos/Foto: Facebook
Luciano Roberto Santos/Foto: Facebook

O ex-vereador e ex-secretário municipal, Marlos Costa, realizará ato de filiação ao PDT no dia 14 de fevereiro, com pompa e circunstância, tendo ao seu lado o presidente nacional do partido, Carlos Lupi, e o seu padrinho a uma nova empreitada rumo à prefeitura de São Gonçalo em 2020, o prefeito de Niterói Rodrigo Neves.


Mas nem tudo é festa.


Um grupo liderado pelo alcantarense e defensor das pautas das pessoas com deficiência (PCDs), Luciano Santos, descontente com as mudanças no partido nos últimos meses, decidiu deixar a legenda. Em nota oficial publicada no Facebook, o grupo não revela os motivos da saída.


O novo destino deve ser o PSB de Renan Ferreirinha que, por sua vez, deve declinar da pré-candidatura e apoiar o antigo colega de partido, Marlos Costa.


Destruiômetro

[Índice semanal de destruição do país]


1. Bozoliro enviou para o Congresso projeto que libera a mineração, o gado, construção de hidrelétricas e o plantio de transgênicos em terras indígenas. Segundo ele, "o índio é um ser humano exatamente igual a nós. Tem coração, tem sentimento, tem alma, tem desejo, tem necessidades e é tão brasileiro quanto nós”;


2. Dólar bateu os incríveis R$ 4,32 e a evasão de divisas desde o início do ano já chega aos U$ 23 bilhões, metade de tudo que deixou o país em 2019. São os estrangeiros 'torcendo' contra;


3. Governo se arreganha para empreiteiras estrangeiras operarem no Brasil;


4. Não foi o Bozoliro, mas um bozorista. Secretaria de Educação de Rondônia manda recolher mais de 40 livros entre clássicos nacionais e mundias.

Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.






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