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Ao professor Oswaldo, com carinho. Por Rui Aniceto Fernandes

De professor a professor. O historiador da UERJ, Rui Aniceto Fernandes, lamentou em sua página do Facebook a morte de Oswaldo Luiz Ferreira, o "Professor Oswaldo" divulgada ontem (18) pela família. Num texto emocionado que agora reproduzimos no Daki, Rui narra experiências marcantes pessoais e profissionais com um personagem não só importante para São Gonçalo, mas também para Itaboraí. Como ele mesmo diz, "O menino do campo que se fez professor, poeta, trovador, assessor parlamentar, historiador, jornalista, pastor Batista e tantas outras coisas mais".


Professor Oswaldo/Reprodução Facebook
Professor Oswaldo/Reprodução Facebook

No dia 30 de junho passado enviei mensagens de WhatsApp para Osvaldo Luiz Ferreira . Ele me retornou quase que imediatamente, com uma ligação telefônica. Eu estava atrás do Voz de Marambaia, jornal que ele criará em agosto de 1995, cuja a redação ficava em São Gonçalo e registrava eventos desta e da vizinha Itaboraí. Conversamos sobre o jornal e Osvaldo disponibilizou a coleção completa para que pudesse fazer a sua digitalização. Combinamos para que eu buscasse os preciosos exemplares após a pandemia.

Hoje, em princípios da tarde, fui surpreendido por uma mensagem informando seu falecimento. Num primeiro momento não pude acreditar! Confirmei a mensagem, enviei condolências à família e informei a alguns amigos em comum. Passei o resto do dia rememorando meus encontros com o “professor Osvaldo”.

A primeira vez que o encontrei foi em 1998, ao ingressar como estagiário no grupo de pesquisa História de São Gonçalo, na FFP/UERJ. Uma das minhas primeiras tarefas foi reproduzir o livro didático sobre São Gonçalo, que ele escreveu com Salvador da Mata e Silva, em 1993. Um dos poucos manuais didáticos publicados para as escolas locais.

Depois reencontrei-o como membro da banca examinadora do concurso de edição, lançado pela prefeitura de São Gonçalo, em 2003/2004, que transformou minha monografia em livro, autoral. Meu primeiro livro autoral.

Só fui encontrar o professor Osvaldo pessoalmente, após minha eleição para AGLAC, em 2007. Desde então desenvolvemos uma relação de respeito e admiração mútuos, eu acredito. Aprendi a respeitar a trajetória daquele capixaba/campista, nascido em 1931, fixado em São Gonçalo em 1958 e que se enraizou em suas duas cidades: São Gonçalo e Itaboraí.


O menino do campo que se fez professor, poeta, trovador, assessor parlamentar, historiador, jornalista, pastor Batista e tantas outras coisas mais. Aprendi a respeitar seu compromisso com as “regras parlamentares” que devem nortear as reuniões acadêmicas.

Em 2019 convidei o professor Osvaldo para fazer uma palestra no Instituto Histórico e Geográfico de Itaboraí, uma jovem instituição que ainda não tinha travado contato com a obra do historiador decano. Naquela agradável reunião fiz a proposição para que ele integrasse o quadro de seus associados.

Hoje ambas cidades, São Gonçalo e Itaboraí, perderam um intelectual e homem de ação, mas não perderam suas ações e suas obras.

Registro um de seus poemas para demonstrar sua dedicação à terra que adotou como morada por mais de quarenta anos.


Eu não nasci em São Gonçalo

Eu escolhi esta cidade Não foi só para viver Mas sentir felicidade Onde voltei a nascer

Ouça e entenda como eu falo De viva voz ou escrevendo Pra agradecer São Gonçalo Por eu aqui estar vivendo.

Mudei-me pra este lugar Mas eu não sou um egoista, Vim a fim de trabalhar Na função de motorista

Adotado por esta terra A qual também adotei Minha vida aqui se encerra Com tudo que conquistei

Hoje sou intelectual Como tal aqui nasci Tal qual um filho normal Porém, foi eu quem escolhi.

São Gonçalo, obrigado Tu sabes como te quero E que por mim és amado Com meu coração sincero.

Eu sei que Deus sempre quis A minha felicidade E que eu seria feliz Morando nesta cidade


Osvaldo Luiz Ferreira - 11/11/2003

 

Rui Aniceto Fernandes é professor de História do Departamento de Ciências Humanas (DCH) da Faculdade de Formação de Professores (FFP-UERJ).

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