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As vítimas esperam mais de nós, por Mário Lima Jr.


Reprodução Internet
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Conscientes ou entubadas em um leito de hospital, as vítimas da Covid-19 esperam que aumentemos o isolamento social e usemos máscara quando for preciso sair de casa. Também aquelas que não resistiram à doença, elas exigem que sejam socorridos os mais afetados pela recessão econômica, pessoas que tiveram seus empregos e negócios prejudicados e perderam seu sustento. As vítimas aguardam a punição perante a lei dos homens e mulheres que promovem aglomerações na rua, na padaria ou na praia, ainda que ocupem a Presidência da República. Todas desejam que o tão amigável e alegre povo brasileiro também se desenvolva como cidadão consciente.


Protestos com milhares de pessoas marchando, muitas sem máscara, se espalharam ontem pelo Brasil. Além de ter sido Dia do Trabalhador, foi o dia em que alcançamos o número de 406.437 mortos por uma doença de fácil e rápida transmissão. Há mais de um ano que reuniões são desaconselhadas, mas o conselho não é ouvido por aqui. A prova irrefutável de que falhamos é o Brasil ser um dos líderes em infectados e mortos. Para maior decepção das vítimas, parte dos manifestantes pedia intervenção militar na política e na sociedade, portanto, querem ainda mais violência contra a vida. Desde que não seja contra a vida deles, imploram por autoritarismo e fim do diálogo, ditadura e escuridão. Se nem por vacina deveríamos ocupar as ruas, granadas, pistolas e fuzis não foram criados para salvar vidas. A ciência e a tecnologia têm essa capacidade, nada melhor do que apoiarmos o uso de ambas para a contenção da doença. Graças à própria tecnologia, a pressão popular pode ser organizada e exercida à distância, usando as plataformas oficiais do Executivo e Legislativo.


As pessoas que resistem rezam para que permaneçam entre seus entes queridos por bastante tempo. Mas a pandemia é tão grave que reduziu a expectativa de vida da população em quase dois anos, notícia que deve ter agradado Paulo Guedes, o ministro da Economia que prefere um país esvaziado. O desprezo que o Governo Bolsonaro tem pela vida parece incorrigível, mas as vítimas merecem que as autoridades e cada brasileiro cumpra seu papel. A atuação popular costuma ser de importância fundamental para a recuperação diante de crises humanitárias.


Não é seguro pra ninguém dispensar a máscara, mesmo se você foi infectado e não sente mais os sintomas (a reinfecção é uma realidade no mundo inteiro). As vítimas esperam que nos lembremos delas com respeito. Que o pior já tenha passado, visto que o risco de um cenário mais grave não é descartado pelos cientistas. Se cada brasileiro em condições de ajudar for solidário com quem mais precisa de apoio, sairemos da pandemia com menos sofrimento e como um povo mais completo.

Mário Lima Jr. é escritor.






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