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Balanço político e militar da Guerra da Ucrânia

Invasão russa começou em 24 de fevereiro


Por Felipe Rebello

Uma mulher caminha com dois gatos e um cachorro após cruzar a fronteira da Ucrânia para a Polônia para fugir da invasão russa neste domingo (13) — Foto: Aleksandra Szmigiel/Reuters
Uma mulher caminha com dois gatos e um cachorro após cruzar a fronteira da Ucrânia para a Polônia para fugir da invasão russa neste domingo (13) — Foto: Aleksandra Szmigiel/Reuters

Do ponto de vista militar a guerra parece estar entrando em seu momento decisivo. Ao que tudo indica a demora do avanço russo de fato se deu por conta de problemas logísticos e desorganização, além de uma forte e inesperada resistência ucraniana.


A imagem da Rússia está se deteriorando muito rapidamente, inclusive dentre das regiões pró-Rússia a adesão não está sendo a esperada, ademais a imagem do país eslavo como uma grande potência militar está sendo posta em xeque.


Por isso Putin deve deixar de lado a cautela na violência contra o “povo irmão” e pode partir para o tudo-ou-nada, em um avanço mais massivo, a fim de evitar que a guerra se torne um atoleiro.

No campo das movimentações militares, está muito claro que a capital Kiev está dentro de um cerco, portanto não demorará a faltar suprimentos, fazendo com que o frio, a falta d’água e a fome sejam fatores fundamentais contra a resistência.


Ao mesmo, a capital vem sofrendo com intensificação dos bombardeios que tem destruído a infraestrutura e os canais de comunicação. Já na região sudeste os avanços russos têm sido mais contundentes, conseguindo dominar a importante cidade de Kerson e empreendendo um cerco a Mariupol.


A cidade portuária de Mariupol é o último obstáculo para que Putin domine todo o sul do país, fechando o acesso ao Mar Negro e criando uma ponte terrestre entre a Crimeia e a Região do Donbass.

Devido ao número surpreendentemente alto de baixas e para evitar o desgaste com a população, o Kremlin têm recorrido a mercenários sírios. Vamos lembrar que o ditador Bashar al-Assad é o grande aliado de Putin, uma vez que este garantiu o triunfo de seu regime contra jihadistas do Daesh (Estado Islâmico), batendo também as forças ocidentais e os curdos.


Muitos daqueles homens sírios passaram cerca de uma década em um guerra civil ininterrupta e total, sendo altamente preparados e experimentados em conflitos de larga escala. Além disso, muitos destes se tornaram verdadeiros “homens-d’armas”, ficando desamparados com o fim dos conflitos, estando na guerra da Ucrânia uma oportunidade para estes combatentes.


O Kremlin também tem contado com reforços de soldados colaboracionistas que lutaram na Guerra da Chechênia, além de soldados advindos de recantos mais isolados da Rússia.

Já a Ucrânia tem contado com forte adesão de voluntários estrangeiros provenientes de países ocidentais, prometendo, inclusive, cidadania a estes. A expectativa é que logo a Ucrânia crie uma “legião estrangeira” aos moldes franceses. Lembrando que soldados estrangeiros não são protegidos pelas leis de guerra, estando sujeitos a violações e torturas caso capturados.


Balanço político da Guerra da Ucrânia

Protestos anti-guerra e anti-Rússia se espalham por diversas cidades da Europa, enquanto os pró-Rússia se concentram em alguns países específicos, como Sérvia e regiões da Bósnia. O número de refugiados já ultrapassa 2,5 milhões, em sua maioria mulheres, idosos e crianças, cujo principal destino é a Polônia e, em muito menor escala, a Rússia.

As sanções contra a Rússia têm sido duríssimas, surpreendendo a todos, fazendo com que o porta-voz russo chegasse a supor que uma guerra comercial estaria em curso. As sanções agora atingem também setores sensíveis da economia russa como a exportação de minérios, fertilizantes, gás e, principalmente, petróleo.


O nível destas sanções tem extrapolado o campo diplomático e muitas empresas privadas tem interrompido suas ações na Rússia, enquanto isso o Kremlin advertiu que estas companhias podem ser estatizadas a fim de evitar a desestabilização da economia.

Este tipo de “cancelamento geopolítico” tem transbordado para diversas áreas, com atividades artísticas e esportivas russas sendo censuradas e boicotadas em diversas partes do mundo, mas o Facebook e o Instagram deram um passo além ao permitirem a russofobia em suas redes sociais, ao anunciarem que flexibilizariam os algoritmos para que não censurassem tão duramente discurso de ódio russófobo, além de ameaças ao presidente e tropas russas.

Os novos pacotes sanções agora também atingem duramente civis russos, países europeus têm congelado divisas, bloqueado ativos, além de confiscarem bens de bilionários e oligarcas russos na Europa. Dentre estes, Roman Abramovich, o dono do Chelsea, que agora tenta vender o clube do Leste de Londres, que deve sofrer muito com as sanções.

 

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Felipe Rebello é professor de História e psicopedagogo.



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