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Bestas e feras voltam a disputar São Gonçalo, por Mário Lima Jr.


Foto: Rafael Corrêa
Foto: Rafael Corrêa

De repente, parceiro, aquela cidade feia, desprezada por anos e até digna de nojo e pena vira a menina dos olhos do Rio de Janeiro. Aos mais atentos não é uma surpresa, falta pouco mais de um ano para as eleições municipais e São Gonçalo tem o segundo maior colégio eleitoral do estado.


Por exemplo, o atual prefeito, José Luiz Nanci, reclamava que pegou um município falido, cheio de dívidas (como se ele não soubesse quando se candidatou). Chorava tanto que parecia que renunciaria ao cargo e abandonaria a vida política a qualquer momento. Em entrevista ao jornal O São Gonçalo semana passada, Nanci declarou que deseja “um novo mandato para dar continuidade ao trabalho” que começou em 2017. Trabalho que não foi suficiente sequer para quitar as dívidas que Nanci encontrou. De acordo com o prefeito, apenas 60% delas foram pagas. E sabe qual é o objetivo de Nanci com o novo mandato que espera ganhar? Pagar as dívidas do município!


A conclusão mais simples que chegamos é que Nanci pensa que o povo é idiota. Na campanha eleitoral de 2016, ele prometia mudar o município de verdade. Depois de ceder cargos no governo até aos animais de estimação da família, além de perpetuar o lixo nas ruas, a desorganização urbana e o fracasso econômico, Nanci fechou a única biblioteca municipal de um povo que já não tinha nenhum incentivo à leitura e à prática cultural. É desesperador.


Ricardo Pericar, ex-vice-prefeito e também pré-candidato, afirmou com todas as letras a O São Gonçalo que Nanci tem decepcionado “ao deixar a corrupção acontecer”. Sobre a Prefeitura, disse que funciona “como um balcão de negócios que contrata empresas para gerar propina para todo mundo” (todo mundo, vale frisar). Deixar corrupção acontecer é crime, a acusação é gravíssima. E a responsabilidade de Pericar, ao tomar conhecimento dos fatos, é a mesma do prefeito. Se preferiu usar a questão para ganhar vantagem política ao invés de apresentar denúncia formal aos órgãos competentes, não merece a confiança do voto.


Dejorge Patrício foi o último dos entrevistados pelo jornal. Justiça seja feita, seu discurso foi o mais técnico e sensato dos três. Propôs caminhos ao invés de se limitar a acusações. Citou, por exemplo, a necessidade de aumento da arrecadação. Ignorada pelos demais pré-candidatos, embora amplamente reconhecida entre as principais carências do município. Mas São Gonçalo merece algo diferente, moderno, ao mesmo tempo engajado socialmente e empreendedor. Ainda não está claro se o eleitor vota em Dejorge por medo, fanatismo ou admiração política, que seria a razão apropriada.


Outros nomes foram colocados na mesa recentemente, como o de Randal Farah. Após a perseguição religiosa, cultural e popular promovida pelo governo de Aparecida Panisset, condenada pela Justiça por roubar dinheiro do povo gonçalense e entregar para instituições religiosas, o PDT deveria refletir por algumas décadas antes de apresentar outra proposta política para o município, ainda que Leonel Brizola voltasse do Além.


Vem forasteiro da capital, pastor, assassino, médico e ladrão querendo ser prefeito ou vereador. Talvez o trampolim eleitoral os atraia ou o salário. Se a vontade da maioria dos políticos fosse outra além do dinheiro, limpo ou sujo, a essa altura São Gonçalo teria melhorado alguma coisa.

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