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Com 'ato da graça', Bozo coloca em xeque a Democracia - por Helcio Albano


O Bozo conseguiu. Ao se utilizar de modo atrevido e inédito do instrumento [constitucional, frise-se] da Graça/Indulto presidencial para livrar a cara de um dos seus perante o STF, ele captura para si todas as atenções. E o melhor: montado, em pleno ano eleitoral, em narrativas poderosas, embora distorcidas, de "defesa da liberdade", "coragem" e de "não abandonar um soldado ferido no campo de batalha" difíceis de derrubar.


O que fazer agora? É aceitar o golpe. Mais um. E entender de uma vez por todas, pedindo aos céus para que não seja tarde, que o campo onde o jogo é jogado está repleto de armadilhas colocadas e georreferenciadas por eles mesmos para onde somos atraídos e caímos feitos idiotas.


A democracia pra esses caras é um estorvo. Mas leis e instituições criadas por ela, as servem pra miná-la por dentro. É uma estratégia que vem funcionando desde 2016 (com ajuda do STF) e aprofundada a partir de 2019, quando o cavalo de Tróia que venceu as eleições despeja de seu ventre os milicos que são quem realmente operam o poder para saquear e destruir o país.


O "ato da graça" nada mais foi que uma tática militar do "elemento surpresa". Mal comparando, o uso de uma arma de guerra não convencional para dobrar a resistência inimiga. No caso, a tentativa de colocar freios no estado autoritário construído tijolo por tijolo pelo o que se convencionou chamar de bolsonarismo.



A discussão não é mais jurídica. Se o que o coisa ruim fez é ou não é constitucional. Está lá no Art. 84. Sorry. Nós, democratas, podemos espernear pelo seu mau uso em afronta às instituições, à República. Mas ele está lá. Jamais foi usado de modo a beneficiar um único indivíduo.


Nem Dirceu, nem Genoíno, nem o próprio Lula o foram nos governos petistas quando condenados e presos. Em Rio das Pedras, Lula e Dilma seriam chamados de otários e covardes por não se utilizarem de algo à sua mão pra livrar os "amigos". O governo é militar, mas age na ponta como milícia.


Se o legislador teve uma intenção cristã em garantir o indulto na legislação, foi displicente ao não considerar os ensinamentos de Maquiavel ao fazê-lo.


O movimento do Bozo com o ato da graça comeu a rainha (Alexandre de Moraes) e colocou em xeque a Democracia. Num momento em que a torre (só sobrou uma) e os bispos agem de modo descoordenado onde não se tem mais peão para defendê-la.


A derrota parece iminente.


E não há mais garantia de uma nova partida em outubro: as eleições.

 

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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.


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