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Como São Gonçalo deveria gastar o bilhão da CEDAE - por Mário Lima Jr.


Foto: Reprodução Internet
Foto: Reprodução Internet

Há diversas propostas sobre como São Gonçalo deveria aplicar R$ 1.023.216.690,80, oriundos do leilão da CEDAE. Parece perfeita a ideia de multiplicar o dinheiro através de investimentos inteligentes e projetos que aumentem a capacidade da cidade gerar riqueza. Valor criando valor, dinheiro produzindo mais dinheiro para o poder público e para a população. Parte dos recursos já está sendo investida em saúde, educação e segurança, antigas carências municipais. Só que em São Gonçalo, sob o ponto de vista da moral e da justiça, nada disso é suficiente.


Como o município pode pensar em projetos que trarão benefícios no futuro, se há pessoas sofrendo terrivelmente agora? Muitos dormem na rua por falta de moradia. Nenhum centavo dessa verba extraordinária poderia ser gasto sem antes abrigar confortavelmente pelo menos um morador de rua. Seria mais democrático se todos os desabrigados da cidade recebessem a oferta de dormir em uma cama quentinha a partir desta noite nos hotéis da região. Estamos falando de mais de 1 bilhão de reais.



Uma família passa o dia inteiro no sinal de trânsito da Praça Chico Mendes, em Alcântara, vendendo balas. O bebê fica no carrinho. O rapaz coloca os saquinhos de bala nos retrovisores dos veículos parados e a jovem recolhe o material e o dinheiro das vendas antes do trânsito fluir. Essa família, ou qualquer outra que suporta sofrimento semelhante, deveria receber imediatamente R$ 1 milhão livre de impostos pra gastar como quiser. Como o beneficiado seria escolhido sem ferir a legislação e garantindo condições iguais de participação? Estendam o benefício a todas as gonçalenses que carregaram um bebê de colo e um pacote de balas pra vender no semáforo no último ano.


Com um bilhão de reais nas mãos, o povo de São Gonçalo não deveria permitir que tantos adolescentes deixem de estudar para vigiar carros em estacionamentos clandestinos. Se a criação de um programa para acompanhar a formação desses jovens levaria tempo e planejamento, não é complicado nem demorado exigir a frequência escolar mediante pagamento de uma bolsa de estudos.



Beira a hipocrisia implantar um centro de vigilância e monitoramento da cidade enquanto meninos de 14 anos passam a noite acordados protegendo bocas de fumo e ninguém faz nada para salvá-los. Um governo justo, motivado pela consciência dos cidadãos, resgataria no mínimo um jovem de cada complexo dominado por facção criminosa e mandaria estudar na Europa ou nos Estados Unidos com todos os custos pagos. R$ 1 bilhão dá e sobra para salvar uma geração inteira de gonçalenses do crime e das drogas. Diante de tanta grana, é nojento e imoral não oferecer uma oportunidade clara e direta de educação de alto nível e profissionalização aos jovens considerados “perdidos” pela sociedade.



A proposta do Governo Nelson é que São Gonçalo conquiste “novos rumos” com o dinheiro da CEDAE, com base em cinco eixos de desenvolvimento. Belo discurso filosófico documentado sem a definição do eixo de Gestão (Plano Novos Rumos). Colocar o plano em prática significa salvar a vida de cada gonçalense sem demora, um por um, de acordo com sua necessidade.


Mário Lima Jr. é escritor.



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