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Consciência Negra e reparação histórica - por Dimas Gadelha


Foto: Reprodução Internet
Foto: Reprodução Internet

Neste sábado (20) celebramos o Dia da Consciência Negra no momento mais difícil e perigoso para o Brasil. Nesse dia de reflexão, antes de mais nada, devemos celebrar a luta do que veio a ser conhecido como movimento negro desde Zumbi a Dandara, passando por Luis Gama e pelo heroísmo do Almirante Negro João Cândido, por Lélia Gonzalez, Zezé Mota e Altay Veloso, até chegar ao professor Silvio Almeida, teórico do racismo estrutural, os Racionais MCs e tantos outros merecedores de bustos em cada praça desse país. A todos meu respeito e admiração.


Essa luta que começa desde a diáspora africana no século XVI contra a escravidão e que se desdobra numa luta de reafirmação da negritude, antirracista e também pedagógica em defesa do sonho de uma brasilidade multicolorida e verdadeiramente integrada numa Nação multi e plurirracial realmente merecedora deste nome.



Sem a reparação plena e absoluta a toda sorte de atrocidades cometidas contra o povo negro ao longo dos séculos, e que perduram até hoje, estaremos fadados a reproduzir os privilégios da casta branca do país e as iniquidades da desigualdade social no Brasil, a mais escandalosa entre os países que integram o clube do G20.


Todos os indicadores sociais apontam para desvantagem dos negros no acesso à educação, saúde, cultura e ao emprego e renda. Além de atacarmos esse problema universalizando os serviços públicos com qualidade através de investimentos maciços do Estado (União, estados e municípios), devemos aprofundar e aperfeiçoar uma experiência que se mostrou vencedora desde que foi implementada no início dos anos 2.000: a política de cotas.



Estudos sérios que podem ser facilmente encontrados na internet mostram que o rendimento de um aluno cotista na universidade, por exemplo, nada deixa a dever ao rendimento de um não cotista. Pelo contrário. Muitas das vezes o cotista supera o não cotista. Os mesmos estudos também mostram que num período muito curto, entre 2 a 5 anos de formado, o agora profissional tem a renda média quintuplicada, podendo, inclusive, ajudar outros membros da família, tanto pelo exemplo, como financeiramente. Isso é uma revolução!


Por isso, e por tantos outros motivos que não cabem hoje nesta coluna, o 20 de novembro deve ser celebrado como um enfrentamento crucial contra as injustiças para construirmos uma sociedade mais justa e fraterna . Precisamos ser incansáveis na luta para implantar, promover e fortalecer políticas públicas que sejam capazes de provocar equidade e corrigir as imensas desigualdades e injustiças provocadas ao longo da nossa história.

Dimas Gadelha é médico sanitarista, secretário de Gestão e Metas de Maricá e ex-secretário de Saúde de São Gonçalo.



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