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Currículo e cultura escolar: é sobre isso, mas está tudo bem?

Por Hélida Gmeiner


Foto: Reprodução Internet
Foto: Reprodução Internet

Para essa semana, estava me preparando para um texto sobre políticas e “políticos” da educação, mas um meme [1], em um grupo de professores de uma rede social, me provocou a pensar um pouco em currículo e cultura escolar.


A imagem fazia alusão ao comportamento dos estudantes durante atividades comuns da rotina escolar, como a explicação de conteúdo e a realização de exercícios, comparando ao comportamento deles em uma conversa sobre a vida pessoal do professor ou professora. A graça estava no desinteresse na primeira e na grande atenção na segunda.


Ora, se já sabemos a ponto de brincar, que a rotina escolar é tão desinteressante, por que continuamos a reproduzir a mesma fórmula?


A cultura escolar é das mais consolidadas, permanece, com pouca variação prática, desde o século XII. Isso mesmo, 900 anos! A humanidade se transformou, alcançou o espaço, estreitou distâncias, mergulhou nas próprias entranhas e a escola é praticamente a mesma... Mas será que esse modelo é o que precisamos? É nesse ponto que começo a pensar também em currículo.



E como currículo, afirmo o que se constrói nos sujeitos. Não falo propriamente do conjunto de conteúdos e disciplinas que compõem a BNCC, por exemplo, mas sim na formação que esses conteúdos e práticas promovem em cada estudante.


Quem nunca ouviu ou se perguntou “pra que eu preciso aprender isso?” Qual é a resposta a essa questão incontáveis vezes repetidas?


A experiência recente com a pandemia nos obrigou a ressignificar a rotina educativa, colocando em xeque problemas muito anteriores a ela, como a falta de acesso escolar ao mundo digital, ou pior, os espaços escolares insalubres e inadequados. Uma escola cujos “enquadramentos que datam de um tempo e que pertencem a uma época em que os homens e o mundo eram o que já não são nos dias de hoje” (2022, p. 17) [2]. que aprendemos com essa experiência? O que vamos levar para o futuro? E pensando nessa possibilidade, me dei conta que essa experiência não é nova. Quantas pandemias ocorreram em 900 anos? Quantas guerras?


Que cultura confortável é essa, à qual nos agarramos, como que a lutar por mantê-la exatamente como era, ou o mais próximo possível?


Por que, diante da consciência, expressa na piada, a sociedade resiste a se libertar de um currículo entediante ou de uma prática ineficiente?


Não, esse texto não traz as respostas para tantas questões. Ele segue um modelo socrático e dialoga com Paulo Freire e a Pedagogia da Pergunta, que afirma de que é através das dúvidas e das perguntas que o conhecimento é construído. Ele nos impõe a tarefa de buscar respostas. É também um convite para a Conferência Municipal de Educação de São Gonçalo, ou de qualquer outra cidade em que esteja.


1. “No contexto da internet, meme é uma mensagem quase sempre de tom jocoso ou irônico que pode, ou não, ser acompanhada por uma imagem ou vídeo, e que é intensamente compartilhada por usuários nas mídias sociais.” Fonte: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252016000300018#:~:text=No%20contexto%20da%20internet%2C%20meme,por%20usu%C3%A1rios%20nas%20m%C3%ADdias%20sociais.


2. NÓVOA, Antônio. Escolas e Professores – Proteger, Transformar, Valorizar. Colaboração de Yara Alvim. Salvador




Colaboração e revisão de Aldaléa Figueiredo.

 

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Hélida Gmeiner Matta é professora da Educação Básica da rede pública. Pedagoga, Especialista em alfabetização dos alunos das classes populares, Mestre em Educação em Processos Formativos e Desigualdades Sociais e membra do Coletivo ELA – Educação Liberdade para Aprender.



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