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IDEB confirma o abandono dos jovens gonçalenses, por Mário Lima Jr.


Foto: Reprodução Internet
Foto: Reprodução Internet

O Ensino Fundamental público é responsabilidade dos municípios brasileiros. Governada por trastes corruptos ou apáticos que se revezam no poder a cada quatro anos, em São Gonçalo essa responsabilidade se transforma no abandono de crianças e adolescentes que dependem do ensino gratuito. A rede pública municipal não atinge a meta do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) referente aos primeiros anos do Ensino Fundamental desde 2007. Já a meta referente aos anos finais não é alcançada desde 2009. Por fim, nas ruas da cidade vemos jovens cheios de sonhos que não contam com a educação como ferramenta para realizá-los.


O primeiro ciclo da educação básica gonçalense (1º ao 5º ano) que depende do governo municipal é tão ruim que ocupa o terceiro pior lugar entre noventa municípios avaliados no Rio de Janeiro. Somos os terceiros de baixo pra cima, o rabo do estado. Deveria ser o contrário, no mínimo. São Gonçalo tem a segunda maior população do Rio de Janeiro, o estrago sobre o futuro do povo é enorme. Não há dúvidas de que, entra e sai governo, a educação gonçalense vem sendo tratada há muitos anos com desprezo político. Desprezo que parece ódio por nossas crianças.

Formulado para medir a qualidade do aprendizado nacional e estabelecer metas para a melhoria do ensino, o IDEB é o principal indicador da educação básica no Brasil. O objetivo nacional é atingir seis pontos até 2022, média que corresponde ao sistema educacional dos 35 países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Divulgada dia 15 de setembro, a nota do segundo ciclo do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) em São Gonçalo foi de apenas 3.7 pontos em 2019, diante de uma meta de 4.7. Só alcançaremos seis pontos em 2022 por milagre, visto que a avaliação gonçalense cresce somente 0.8 ponto, em média, a cada dois anos. Em alguns anos houve retrocesso ou estagnação.


O IDEB é calculado em uma escala de 0 a 10 levando em conta dados de aprovação escolar e desempenho dos alunos em Português e Matemática. De acordo com Wilson Vasconcelos, um dos mais dedicados sociólogos gonçalenses, o índice “revela o óbvio e não o necessário”. Entre os problemas que geram avaliações tão baixas em São Gonçalo, estão o acesso e a permanência no ensino para qualificação do aluno. A distorção idade-série é gigantesca: 50% dos estudantes do Ensino Fundamental II possuem 2 anos ou mais em relação à idade adequada, segundo Wilson.


Tenho o prazer e a sorte de jogar bola e soltar pipa com os amigos do meu filho, crianças e adolescentes em idade escolar. Como em qualquer lugar do mundo, eles querem o melhor da vida. O exercício da cidadania e a vida profissional, no futuro, estão entre os assuntos que gostam de conversar. Mas os partidos políticos e os candidatos ao cargo de prefeito, que deveriam representar os interesses do povo, não estão tratando as deficiências da educação municipal com planejamento e objetividade. Neste momento eles estão preocupados com alianças e construção de poder. A vontade de ganhar a todo custo, com a desculpa de que após a vitória farão um bom governo, coloca mais uma geração de gonçalenses sob o risco de mal aprender a ler e escrever.

Mário Lima Jr. é escritor.




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