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Inflação de alimentos corrói poder de compra do Auxílio Brasil de R$ 600

Valor pago a partir de agosto precisaria ser de R$ 732,12 para ter impacto similar ao auxílio emergencial de 2020


Foto: Annelize Tozetto
Foto: Annelize Tozetto

Brasil de Fato - O Auxílio Brasil de R$ 600 começa a chegar ao bolso dos brasileiros em agosto já com seu poder de compra corroído pela inflação. O acréscimo de R$ 200 oferecido pelo governo Bolsonaro até dezembro não será suficiente para colocar no carrinho do supermercado quantidade de produtos equivalente à que comprava o Auxílio Emergencial de mesmo valor, pago em 2020 como parte das medidas de combate à pandemia de covid-19.


Segundo cálculos de Matheus Peçanha, pesquisador e economista do Instituto de Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV (Fundação Getulio Vargas), feitos para a Folha, para ter o mesmo poder de compra de abril de 2020, as famílias deveriam receber R$ 732,12. Os R$ 600 do auxílio atual correspondem a R$ 491,72 em valores de 2020.


Aprovado a toque de caixa no Congresso Nacional, com direito a manobras e atropelos regimentais do presidente da Câmara Artur Lira, o aumento do valor do auxílio é a principal aposta de Jair Bolsonaro para reverter sua baixa popularidade entre os mais pobres. Até aqui, o ex-presidente Lula lidera com folga no segmento, marcando 56% contra 22% de Bolsonaro, segundo o última Datafolha.




Preços seguem em alta - A inflação de alimentos é a maior culpada. De acordo com o Dieese, os preços dos produtos da cesta básica apurados para o mês de junho seguiam em tendência de alta. No acumulado em 12 meses, a cesta ficou aumentou acima do índice oficial de inflação nas 17 cidades pesquisadas. Enquanto o IPCA acumulava alta de 11,73%, a cesta básica subiu de 13,34% (Vitória) a 26,54% (Recife). Em São Paulo, a elevação foi de 23,97%.


Apenas em três capitais o custo da cesta básica ficou abaixo dos R$ 600 do Auxílio Brasil: João Pessoa (R$ 586,73), Salvador (R$ 580,82) e Aracaju (R$ 549,91). A mais cara foi registrada em São Paulo, no valor de R$ 777,01.


E o cenário continua piorando, de acordo com o IPCA-15, divulgado pelo IBGE nesta terça (26). Considerado uma prévia da inflação para o mês de julho, o índice trouxe novo aumento acima da média para os alimentos. O grupo Alimentação e Bebidas subiu 1,16% neste mês, superado pelo Vestuário, que cresceu 1,39% - que também são itens fundamentais.


O IBGE destaca a alta dos preços do leite longa vida: 22,27% somente em julho. No acumulado de 2022, o leite subiu 57,42% no ano, com impacto em uma série de produtos derivados.


E a fila cresce - Para piorar a situação, a fila para acessar o programa segue longa. Dados da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) dão conta de 2,78 milhões famílias aptas para receber o Auxílio Brasil, mas que ainda não receberam o benefício. O número foi calculado com base em dados de abril, mês que registrou um aumento de 113% na quantidade de famílias na espera em relação a março.


É a maior fila desde novembro de 2021, quando a demanda reprimida por família chegou a 3,1 milhões e quando o Bolsa Família foi substituído oficialmente pelo novo programa.


Os motivos para a aceleração são a alta da inflação - especialmente de alimentos -, do desemprego e do emprego informal. Mas também o desmantelamento do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e de seus braços, como os Centros de Referência em Assistência Social (CRAS), e de suas ferramentas, como o Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico).

 

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