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Irmãos por parte de Deus, gêmeos pelo amor dele, por Paulinho Freitas

SÃO GONÇALO DE AFETOS

Jorginho/Foto: Acervo Pessoal
Jorginho/Foto: Acervo Pessoal

Eu sou o segundo de quatro irmãos. Temos um relacionamento respeitoso. Mas nos vemos pouco e conversamos menos ainda, nos amamos muito, tenho certeza, mas a vida nos levou por caminhos diferentes nos afastando da convivência, mas nunca do afeto. Quando nos encontramos é motivo de muita alegria e lembranças boas mesmo que não sejam nas melhores horas.


Nosso irmão Jorginho é aquele que faz contato com todos e traz as notícias, seja por telefone ou mensagem ele sempre dá um jeito de estar junto. Também é aquele cara que faz tudo que está ao seu alcance por todos que precisam dele.


A gente sente falta daquela cumplicidade, da confidência, do confiar. A gente sabe que pode contar na hora que precisar, mas a gente queria estar perto toda hora, para lembrar fatos, fazer fofoca e até se desentender por alguma coisa dita em hora errada, mas o correr da vida não nos permite.


Aqui perto de casa via sempre dois irmãos gêmeos que só andavam juntos, os cabelos já grisalhos denunciando uma idade avançada, mas sempre juntos. Nas idas ao mercado ou nas caminhadas à toa ou no ficar no portão admirando o movimento da rua, onde estava um ou outro estava do lado, há algum tempo um dos irmãos foi hospitalizado diagnosticado com o covid 19 e hoje tive a triste notícia de seu falecimento.

Fiquei pensando no irmão que ficou. A cabeça dele deve estar a mil. Como acostumar agora a viver sem aquela parte que o completava e embora não fizesse parte de seu corpo era sua continuação? Penso que vai ser complicado e peço a Deus para que conforte seu coração.


Depois dessas divagações fiquei pensando nas pessoas que não são irmãos, mas são tão unidas que parecem nascidas e criadas na mesma família desde sempre. Você já reparou naquela pessoa que te liga toda hora, quer sempre saber como você está? Toda hora te dá conselhos que você acha que não precisa e tá sempre arranjando um emprego de qualquer coisa quando você tá desempregado e te dá aquele presente fora de hora e também todos os dias te manda mensagem no zap com aqueles quadrinhos de “bom dia?”


No dia do seu aniversário à meia noite o primeiro canto de parabéns que você escuta é dessa pessoa. No natal, antes de ir para a casa da família dela ela passa na sua casa pra te dar um abraço e no ano novo te dá o primeiro abraço antes mesmo de virar o ano. Será que somos merecedores de tanto carinho? Será que somos recíprocos?


Todos os dias aprendemos uma lição em que esses “professores” nem sabem que deram. Esses dois irmãos gêmeos me fizeram pensar nos meus irmãos de vida que graças a Deus são muitos. Queria muito que eles soubessem que eu os amo muito e que agradeço muito esse carinho todo. Sinto o abraço de cada um nesses tempos de pandemia quando me mandam mensagens e procuro responder com um amor do mesmo tamanho, mas acho que o deles é maior porque foram mandados por Deus, esses amigos nem sabem que são anjos que Deus mandou a terra para proteger a gente.


Dedico esta crônica a esses dois irmãos, separados agora por esta doença que está nos fazendo chorar todos os dias por um semelhante perdido. Dedico aos meus irmãos que tanto amo, aos que pensam que são meus amigos, mas na verdade são os irmãos que Deus enviou ao meu convívio. Dedico a esses irmãos da vida de todo mundo. Amemo-nos mais irmãos!


Cada vez mais me convenço de que nascemos para falar mal uns dos outros o dia todo e brindarmos à vida a noite ao descobrirmos que não podemos viver uns sem os outros. Sejamos irmãos por parte de Deus e gêmeos, pelo amor dele! Axé!!!!!!!


Obs.: Na foto meu irmão Jorginho representando a todos vocês.


Paulinho Freitas é cantor, compositor e sambista.




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