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Jones Jerônimo e o Morro do Abacatão, por Erick Bernardes


Jones Jerônimo esperou o término do campeonato de motocross para que ele e os amigos pudessem correr na pista com suas bicicletas radicais. Isso mesmo, desciam do Morro do Abacatão para brincar onde ninguém imaginaria que um dia o espaço pudesse abrigar o São Gonçalo Shopping, ali mesmo, no bairro Boa Vista. E foi assim que Jones narrou a história de sua infância naquela conversa informal.


— Me fale mais sobre isso?


— Como eu disse, eu morei por muitos anos no Morro do Abacatão. Andei bastante de bicicleta no terreno onde atualmente é o shopping. Tempo bom, havia competição de motocross. Lá no alto do morro tinha um campo de futebol, que todo sábado eu e meus amigos da rua íamos jogar bola (isso mesmo, hoje há algumas casas). Sem contar uma das vistas mais lindas que já conheci. Há visão das luzes de Petrópolis, da Baía de Guanabara, da ponte Rio-Niterói, do Cristo Redentor e do Pão de Açúcar também. Sei um pouco das histórias, pois eu ficava na rua brincando e escutava narrativas dos moradores mais velhos. O morro contava com muitos centros espíritas, o Abacatão era muito tranquilo até uns 10 anos passados. Em frente do São Gonçalo Shopping tem também uma ilha que parece um morro.



— E sobre o tal cassino clandestino, era nessa ilha que se realizavam as jogatinas?


— Exato, bem lembrado. Lá tem uma construção que se assemelha a uma casa, pertinho da Ilha do Sol. Recordo também quando era criança, ao anoitecer, via várias luzes que pareciam ser de carros chegados. Uns falavam que era um cassino de gente importante, políticos, pessoas famosas. Deve ser isso, caso contrário os mais velhos não narrariam com tanta saudade. Enfim, a nostalgia me fez recordar disso tudo, natural a memória querer dar o ar da graça.


— Obrigado, Jones.

Erick Bernardes é escritor e professor mestre em Estudos Literários.



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