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Jorge Baiano: A glória de um amante da vida e do samba, por Oswaldo Mendes


Jorge Baiano/Foto: Acervo pessoal
Jorge Baiano/Foto: Acervo pessoal

Éramos eu, Cauby, Zé Eduardo e Toninho do Menino Deus, grupo que sempre participava de campanhas políticas, isto lá pelo início dos anos 80. Havia outros grupos, todos conhecidos e respeitosos entre si. Concorrentes, sim. Inimigos, nunca!


Um dia fomos apresentados a um rapaz que nos informou que ia participar do staff. O time era, e ainda o é, fechado. Inicialmente a dúvida seria “aguentar a barra” de uma campanha política, andando a pé e com estômago pra qualquer coisa, estilo avestruz. Fala mansa ele nos disse: “Bom dia, eu sou Jorge Baiano”. Nascia uma grande amizade.


Nasceu no Rio de Janeiro, mas só nasceu, isto em 27 de dezembro de 1955, denominado como Jorge Antônio de Mattos Carvalho, porém se considera Gonçalense, a mãe também Gonçalense e pai era Soteropolitano. Criado no Largo da Folia, próximo ao Colégio Municipal Castello Branco, entrada do Boaçu.


Baianinho, filho de Seu baiano era assim denominado pelos amigos. Seu pai renomado Babalaô da cidade. Cresceu sob o som dos atabaques e onde continua na religião, mantendo e respeitando a ancestralidade. Na Rua Canto do Rio, Escola Número Dois, em São Gonçalo, foi a sua primeira escola, depois foi para o Castello Branco, onde a entrada era através de prova pública.


No Largo da Folia, o Bloco do Boi, do Zeca, da família de Dona Marieta, foi sua iniciação no samba, pois sempre gostou de tocar instrumentos de percussão, com quatorze anos se inspirou e fez o primeiro samba, o qual foi aceito. Era o Bloco do Boi na avenida com o primeiro samba do Jorge Baiano.


Em outra passagem, Adilson, Bira e Manoel Branco pediram à mãe do Jorge Baiano para que autorizasse sua ida para Icaraí, onde aconteciam as festividades quando o Brasil jogava e ganhava. Ele gostava de percussão, repique.


Nesta época já acompanhava os ensaios da Viradouro e outras escolas, mas iniciou como Compositor com o enredo “Mercadores e Mascates”, juntamente e convidado pelo Intérprete Torino e Carlinhos Viradouro. Primeira vez numa agremiação de grande porte. Nunca mais parou, não trocou e nem saiu. Jorge Baiano é Viradouro!


Ressalta que com Torino ainda faz alguns sambas de meio de ano. Alerta para a beleza da história e dos que fizeram a história sobre a Viradouro, muitas vezes esquecidos, mas que sem lastro, sem raiz, sem Comunidade forte, a Agremiação não chegaria onde está atualmente.


Sempre Viradouro. Tem simpatia pelas demais agremiações, mas se declara ao GRES Viradouro.


Em 1994 vem a grande alegria, pois foi campeão em parceria com Paulo Cesar Portugal, saudoso Rico Medeiros e Cláudio Fabrino. Eternas boas lembranças. O carnavalesco era Joaozinho Trinta. O enredo era Tereza de Benguela. Veja o vídeo:


Em 1996 repetiu a dose e com grandes Baluartes: Mocotó, Flavinho Machado e Heraldo Farias. Participou de quase todas as finais da agremiação da Viradouro, o qual muito se orgulha. Veja o vídeo:

Campeão neste ano, 1996, também no GRES Acadêmicos do Sossego na parceria de Eraldo Farias, Flavinho Machado e Vicentinho. O carnavalesco era João Calheiros e o enredo era “Cinema”.


Lembra ainda do ano que o saudoso Monassa reeditou o Círio de Nazaré e houve um concurso de Samba de Exaltação e ele ficou em terceiro lugar. Isso sozinho.


Relembra de grandes sambas que ele perdeu na final, mas cita a frase de outro Compositor: “Linda melodia, linda poesia, não achei defeito algum, mas samba-enredo só ganha um”.

Campeão em São Paulo com Eraldo Caê, na Escola de Samba X-9, de Santos, assim como Cachoeiras de Macacu, também consta em seu currículo.


Cita com alegria como outros parceiros na Viradouro a Yara, Luiz Carlos da Vila, Noca da Portela, Gustavo, Rubinho, Edu Veloz, Elenice, Totonho . Tem medo de citar nomes para não esquecer de pessoas valorosas que passaram em sua vida.


Boêmios da Mangueira (com o saudoso Edinho Sapatinho), bloco da Calça Lee, bloco da Chaleira, GRES Cubango onde ele também frequentava e guarda muitas lembranças com carinho. Frequentava todas as agremiações e se orgulha de ter feito uma legião de amigos em sua vida.


Tem uma música, gravada para pagode pelo Grupo Elo da Liberdade, que é de sua autoria com o Torino.


Grandes compositores hoje em dia não mais disputam em face do gasto e da concorrência, pois há empresários que se juntaram a profissionais para dividir o gasto criando os Escritórios do Samba, que afastou e inviabilizou a base dos compositores pobres, porém, o samba já recebeu inúmeros ataques e sobreviverá a mais esse ataque.

A amizade formalizada por Jorge baiano em sua vida se consolida quando se analisa diversos pedidos realizados para que o mesmo fosse trazido a esta página. Ele certamente é muito querido, competente, carismático e fez história por onde passou. O samba agradece pelos seus feitos!

Oswaldo Mendes é engenheiro.




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