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Luiz Barbosa: A bela arte em forma de pessoa, por Oswaldo Mendes


Luiz Carlos Barbosa/Foto: Acervo pessoal
Luiz Carlos Barbosa/Foto: Acervo pessoal

Luiz Carlos Barbosa, nascido no ano de 1959, em Niterói, morou em diversas localidades, sempre do lado de cá, da “poça d’água”, como os atualmente sexagenários se referiam ao leste fluminense; atua há muito tempo como intérprete, compositor, ritmista, inclusive já tendo atuado como passista em agremiações carnavalescas.


Porto Novo, Engenho Pequeno, Mutondo, Alcantara, Neves e Manilha são alguns dos locais onde teve residência. Sempre gostou muito de música.


Cresceu numa geração onde se ganhava no final de ano um LP – Long Play – com os sambas enredos do carnaval, ouvindo grupos como Fundo de Quintal ou cantores como Bezerra da Silva, Alcione, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho ou Beth Carvalho.


Crescer próximo e frequentar os ensaios da Portela no Clube Mauá, Tamoio, Porto da Pedra, Camisolão, Agra, Tudo Sabe Nada Diz, Canarinhos da Engenhoca e outras agremiações, com muita gente boa de ‘caneta’ e voz, contínuos festivais de sambas de terreiro.


De Unidos da Maria Rita, que inicialmente era bloco e foi alçado à escola de samba, ele atuou como ritmista. O saudoso Mestre Abel muito lhe ensinou e assim passou a ser seu auxiliar. Aprendeu, dentre outros, a tocar sambas com o apito, pois era comum antigamente essa prática, hoje já extinta.


No Maria Rita foi também intérprete e harmonia. Foi para o Unidos do Porto da Pedra, como ritmista e, posteriormente, como Diretor de Bateria. Nessa época o Mestre de Bateria era o Pipa. Muito aprendeu com o saudoso Mestre Piaza, do Cruzamento do Amor e Bafo do Leão. Também foi intérprete no Porto da Pedra, Mestre de Bateria e se sagrou consecutivamente pentacampeão de sambas enredo, juntamente com Neuber Compositor. Cita também o compositor Tuca como parceiro.


Participou também do Avante como Diretor de Bateria e Invasores como compositor. Participou como compositor da “Surgiu no Ato”, indo sempre para as finais no concurso de samba enredo. Com o “enrolar da bandeira” do Porto da Pedra, nos idos de 1980, Luiz Barbosa foi para o Viradouro.


Nos idos de 1980 participou em ala show de Passista na Viradouro por dois anos. Atualmente essas alas foram extintas com a nova modelagem de desfiles e a visão da direção e juris, muitas vezes desconhecedores do Mundo do Samba e sua essência, por constantes penalizações desses atores.


Festivais gonçalense da canção e outro realizado pelo Elmo Borges também tiveram a participação do Luiz Barbosa.


Tem Roberto Ribeiro como referência na música. Faz música para todos os gostos, mas o samba de raiz é sua adoração.


Em músicas de meio de ano tem dois cd’s – compact disk - solo gravados e mais de trezentas e sessenta composições, algumas em parcerias, assim como duas participações no Projeto “Porto do Samba”, inclusive com o saudoso Nier Ribeiro.


Desde 1991, com o aval de Ignácio Ribeiro, o multi-campeão Mocotó, Baluarte, obteve sua chancela para participar da Ala de Compositores do GRES Viradouro, onde vem desenvolvendo, ininterruptamente, suas atividades de cunho artístico, não só na ala dos Compositores, mas em diversos segmentos, sempre em busca dos objetivos da agremiação. O presidente, naquela época, era Paulo Cesar.


Posteriormente, começou a fazer arte do palco da Viradouro, após a devida análise e deferimento pelo Lambreta, nosso querido compositor Baluarte e integrante da Academia da Velha Guarda da Viradouro.


Na década de 80, com o empresário Pedro Jovino, no Grupo Primavera, Luiz Barbosa foi convidado para substituir o Eraldo Caê que foi para uma carreira solo. Calça branca e camisa estampada era o uniforme. Mauá, Tamoio, Região Oceânica e diversos clubes. Também era chamado para se apresentar no período de carnaval, final de ano, réveillon, bailes de ruas com o grupo Primavera ou banda de carnaval.


Luiz Barbosa considera o bairro Paraíso, em São Gonçalo, como o melhor local para carnaval e bailes de rua que conheceu. Animação, alegria e segurança. Das 05:00 horas as 24:00 horas. Pena que deixaram acabar.


Atualmente, há pouco interesse em sambas de terreiro ou atividades de segmentos das escolas de samba, por serem consideradas de pequeno porte, nas agremiações. Somente atividades shows, são consideradas de grande porte. Assim, as peixadas, papas-lombeira, samba de terreiro e diversas outras vão sendo esquecidas. Não faz caixa, não há motivo para se realizar.


“Não vejo mais a aproximação componente e escola de samba. Se você perguntar, atualmente, a uma pessoa de vinte ou trinta anos o que é samba de terreiro ela responderá que é coisa de religião”, declara Luiz Barbosa

“Ir na escola, desfilar e aparecer na televisão é o que busca o integrante atual”, conclui o compositor.


Infelizmente, as pessoas ligadas ao samba, são pessoas de dentro das agremiações. Não há mais divulgação. Samba só é falado após o Ano Novo e, no entanto, desde junho, já se tem diversas atividades nas quadras de todas as agremiações, excetuando este ano, em função da pandemia. O samba deveria ser lembrado a toda hora. Não se toca samba em rádio. Só se pensa em samba como carnaval, logo, acabou o carnaval, acabou o samba, conclui Luiz Barbosa.


“A violência afastou as pessoas do carnaval de rua também. Em alguns locais está renascendo. Acredito na cultura, no samba e nas pessoas. Espero ainda ver uma música minha sendo cantada pela multidão”, conclui Luiz.


Artistas vivem do belo, do diferenciado, da sensibilidade, da busca constante pela perfeição. Artistas vivem. Não cobram muito só querem viver e deixar sua obra para todos. Talvez esse seja o sonho de todo artista.

Oswaldo Mendes é engenheiro.





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