Namor, o Príncipe Submarino, por Sammis Reachers
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...morreu no voo inaugural de sua sequencial vigésima sétima empresa, na ponte aérea entre Rio e São Paulo. Seu avião caiu sobre o mar, próximo a uma praia.
Filho de armênios, predestinado empreendedor que montou seu primeiro negócio aos apenas 14 anos (as dulcíssimas Balas de Açúcar Andorinha), era um workaholic, um worklover, um apóstolo do capital selvagem que faria Eike Batista de biscatinho: homem de seu tempo, exemplo de seu tempo, homem sem seu tempo.
Foi meu patrão ou me concedeu subempregos em seis de seus vinte e sete empreendimentos. Abnegado, combativo, negociador nato, conselheiro, coaching e mentoring intuitivo: era o protótipo de homem que reunia em si os arquétipos que as revistas Pequenas Empresas Grandes Negócios e Exame idealizam, cada qual sob seus sócio-economáticos filtros, para um empresário de sucesso.
Traído pelas três sucessivas esposas, roubado pelos filhos, morreu sozinho, fardado num impecável terno Ermenegildo Zegna, pois mesmo dono do maior Parque Aquático da América Latina (o atlântico, o oceânico Parque Aquático Panosian), acredite: nunca teve tempo de aprender a nadar. Minutos após o pouso forçado sobre o espelho d’água, antes de a pequena aeronave submergir, o doutor até conseguiu sair do avião, mas em vão. Fiéis às lições de seu mentor, os pilotos, seu segurança particular e seus dois sócios estavam focados demais... salvando-se a si mesmos.
Também não sabia pescar, não sabia Cézanne ou Renoir. Não que essas frugalidades inúteis pudessem salvá-lo. Também não sabia que morreria, nunca teve mesmo tempo para isso.
Sonegador de impostos, corruptor de corruptos, sempre um passo à frente de seus concorrentes, seja vendendo fraldas de porta em porta na favela, seja ganhando licitações fraudulentas e construindo prédios superfaturados para a habitação pública.
Stan Panosian, príncipe (bem, hoje um príncipe submarino) entre seus pares: O rico e o esperto mais otário com quem já comunguei.
Que lhe sirva de lição, amigo leitor!
Alguns livros (gratuitos) que escrevi ou organizei podem ser baixados AQUI. Um pouco de poesia experimental? Eu experimento AQUI.
Sammis Reachers, nascido por acaso em Niterói mas gonçalense desde sempre, é poeta, escritor e editor, autor de sete livros de poesia e dois de contos, e professor de Geografia no tempo que lhe resta – ou vice-versa.