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O Cidadão Alegria: Moacyr MM, por Oswaldo Mendes


Moa/Foto: Reprodução de vídeo
Moa/Foto: Reprodução de vídeo

Criar algo. Uma música dentre os milhares que são compostas e expostas. Há décadas atrás as músicas eram cantadas – defendidas – pelos próprios Compositores. Lugar de Compositor era no palco. Chegavam nas quadras das escolas de samba ou blocos carnavalescos, registravam que iriam apresentar uma música. Ali os Compositores esperavam a sua vez, expunham suas obras em vozes não tanto perfeitas ou afinadas quanto as suas criações e este era, era, o Samba de Quadra. Samba Duro.


Para que fosse considerado como Compositor e tivesse autorização para colocar samba em uma disputa era necessário que fosse aprovado por membro efetivo previamente aceito pela agremiação e, em caso de se buscar um novo bloco ou escola de samba, o rito se repetia. Isso era regra básica.


O que atualmente acontece na Batalha do Tanque, com RAP – Ritmo e Poesia; com os Repentistas do Nordeste; com Bira - Presidente do Fundo de Quintal; Arlindo Cruz, Xande de Pilares, Mosquito – com partido alto realizado, há muitos anos, com extrema maestria, em nossas quadras de samba. Como nossos representantes, dentre outros, citamos nomes como o de Lambreta, PC Portugal, Maninho da Cuíca e Moacyr MM. Atualmente temos ainda compositores que o faz, como Felipe Filósofo e Paulinho Freitas.


Samba de Quadra é o nascedouro de talentos. Uma cuíca, um pandeiro, um violão eram necessários para apresentação das músicas, as quais tinham ali o crivo popular e aprovação ou não. Sem filtros. Sem produtores. Sem vozes perfeitas e afinadas. O samba direto para a escolha popular. Moa era Mestre, Professor e incentivador.


O movimento “Samba na Fonte” - da Pedra do Sal, “kilombo de Marambaia” e, outros poucos, buscam espaços para os Compositores. O show do palco, onde se tem a perfeição na voz do cantor, e obras escolhidas a dedo no interesse da agremiação extinguiu os “Sambas de Terreiros” e as vozes tremulas e, muitas vezes, imperfeitas dos Compositores. O visual virou quesito?


Idos dos anos 70/80 quando a magnética cantava algumas músicas eram certas. As músicas foram adaptadas e cantadas por todas as torcidas: Um prêmio para o Compositor. Um prêmio para o Compositor Moacyr MM.


Sambas de Terreiros eram esperados para serem cantados por seus autores ou designados pelos mesmos. Quadras cheias de gente aguardando uma novidade ou um sucesso já conhecido. Sucesso nas quadras de samba e daí era um pulo para a eternização no carnaval. Na Carioca, só recebia autorização para expor suas obras após a devida autorização do Mestre Moacyr MM. Cada agremiação tinha seu teste para compositor.


O saudoso Rico Medeiros era puxador do GRES Salgueiro – esse era o termo utilizado, mas criticado por Jamelão, o qual se referia ao termo como “ladrão de carro”. Um samba de terreiro que levantava as quadras. Nasce uma parceria: Moacyr MM e Rico Medeiros e, assim, se efetivava um grande sucesso há mais de quatro décadas.


Mauricéia, filha e parceira de diversas músicas com Moa, nos explica que muitos boatos existiram em função dessa parceria, mas não passavam de boatos mesmo. Tivemos a chance de também ouvir essa explicação do próprio Moacyr MM em relação à parceria com Rico Medeiros, a qual foi positiva para todos.


Moacyr Minas Martins, Moacyr MM, conhecido também pelos colegas de trabalho, na Câmara de Niterói, como Moa. Natural de São Gonçalo, criado pela avó – Maria (que era adorada pelo Moa) e seu avô Manoel, em Niterói. Nascido em 13 de julho de 1937 e, desde criança, tinha grande atração pelo samba e pela arte de compor. Não sabia escrever, mas gostava de rimar e compor. Moacyr MM não recebeu influência de ninguém que gostasse de samba. Era dele.


Moacyr MM chegava ao ponto de fugir para ir às escolas de samba para aprender, mas era repreendido pela avó. Carinho e medo pelo preconceito à arte e seus reflexos.


Nessa época, samba era coisa de bandido e muito reprimido, assim, sua avó tinha muita preocupação com ele sobre esse aspecto. Pedia para participar em agremiações, mesmo muito criança ainda, e um dia lhe deram a chance, na bateria. A agremiação era o Bloco Carnavalesco da Carioca.


Moacyr MM tem seis irmãos conhecidos, já que fora criado, como já dito, pela avó. São eles: Macalé, Pelé, Calu – Carlos Alberto, Lúcia, Vera e Vanderlina, os quais não são ligados à Cultura nem ao Samba.


Na Carioca chegou a diretor de bateria e até a diretor geral da agremiação quando foi alçada a Escola de Samba, isto na época do Sr. Joaquim. O bloco da Carioca foi sua base. No Bafo do Bode, Canarinho da Engenhoca e Camisolão também participou.


Dentre os muitos que Moa lançou, está o supercampeão Lambreta, que atualmente integra a Galeria da Velha Guarda e a Ala dos Compositores da Viradouro, o qual é chamado carinhosamente pela família de Moacyr MM de tio.


Com a sua saudosa esposa Dilcéia Leandro - Céia, nosso compositor Moacyr MM fez lindas e maravilhosas composições. Deste relacionamento nasceram cinco filhos do total de vinte e dois filhos do Moa.

Moacyr buscou passar uma mensagem de alegria nas suas letras, nas suas composições, muitas delas românticas; tudo era motivo para uma composição. Inspiração que se totalizam em torno de seiscentas músicas na autoria de Moacyr MM, diversas delas gravadas.


Após sair da Carioca foi para o Bafo da Onça e Vila Isabel, mas a burocracia da agremiação, na época, era grande para ser aprovado. Foi aprovado e ficou um período na Vila, porém, ele estava envolvido com o GRES Viradouro desde a época do presidente Albano, isto na Garganta – sub-bairro onde nasceu agremiação quando ainda era azul e rosa – e assim foi para a Ala dos Compositores da Viradouro, juntamente com sua filha, também Compositora, Mauricéia, a qual nos faz este lindo e emocionado relato, pelo qual muito agradecemos.


Moacyr MM deixou uma mensagem positiva em sua passagem na Terra, sempre buscando a alegria e a felicidade. Construir o melhor e repartir a todos. Da Ala de Compositores da Viradouro nunca se afastou. Na vida, foi exemplo. Poeta. Amante da Vida. Nosso Moa. Nosso Moacyr MM.

Dia quatro de setembro de 2020 passou, mas as obras de Moacyr, o grande mensageiro da alegria, não passarão!

Oswaldo Mendes é engenheiro.





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