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OAB, Colmeia e o governo Nelson Ruas - por Helcio Albano


Vereador Alexandre Gomes comemora a vitória de Andreia Pereira/Foto: Reprodução Facebook
Vereador Alexandre Gomes comemora a vitória de Andreia Pereira/Foto: Reprodução Facebook

Os resultados das eleições da OAB São Gonçalo consagraram novamente a Chapa Colmeia. Descontando um interregno de nove anos (2006-2015), o grupo está há pelo menos quatro décadas no comando geral da única entidade que transcende seu caráter classista e que possui inegável peso político na cidade.


Existem três eleições que importam em São Gonçalo: pra Prefeitura, pra Câmara e pra OAB.



Historicamente, a Ordem em São Gonçalo sempre foi adesista aos governos de plantão e coadjuvante nos grandes temas que envolvem o município. A exceção ocorreu quando foi comandada pela Nova OAB, grupo de oposição à esquerda então liderado pelo advogado progressista José Luiz Muniz, no breve período citado acima.


Ao seu comando, Muniz ressignificou a instituição na sociedade gonçalense muito além dos salões e gabinetes do poder, transformando a Ordem no epicentro dos grandes debates do seu tempo. Sei disso porque eu estava lá.



Com o retorno da Colmeia em 2015, a Ordem, já com Eliano Enzo como presidente, retoma sua vocação adesista com o governo Nanci, cedendo, inclusive, alguns dos seus quadros à administração. Enzo, aliás, não se furtou em fazer durante todo o governo uma política de interlocução pujante sob verniz institucional com o Executivo, sobretudo com a primeira-dama, Eliane Gabriel, considerada por muitos a prefeita de facto de Gonça City.


Nas eleições ocorridas nesta semana - com fortes indícios de irregularidades, segundo a chapa derrotada - vimos que esse padrão de proximidade política permanece e se aprofunda.


O governo Nelson Ruas (PL) entrou firme na reta final da campanha e, de modo inusual, escalou dois pesos pesados, o filho do prefeito, Douglas Ruas, e o vereador Alexandre Gomes (PV), para garantir a vitória da cabeça de chapa da Colmeia, a advogada Andreia Pereira.


A mão pesada do governo fez diferença: 562 a 477 votos a favor da Andreia, que se tornará a primeira presidenta (ou mulher presidente pra quem tem nojinho da flexão de gênero do substantivo) da 8ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Rio de Janeiro.



Plus

As eleições deste ano foram as que tiveram menor comparecimento.


Motivo: Inadimplência da anuidade da OAB nas alturas. Reflexo da crise econômica que assola o país e das mudanças nas leis trabalhistas, uma quase-hecatombe para muitos causídicos, sobretudo os com menos tempo de atuação.


Ao fim e ao cabo, venceu o grupo político com forte vinculação à direita, principal força que patrocinou a destruição da Justiça Trabalhista que deixou muitos advogados no limbo da profissão.



Bônus

Na quarta (17), um dia depois das eleições da OAB, a Justiça Federal soltou comunicado informando aos seus jurisdicionados que todas as varas federais de São Gonçalo, antes com sede no Prédio 1000, da Coronel Serrado, foram transferidas para Niterói, onde será realizado o atendimento presencial.


O que parecia apenas boatos se confirmou: São Gonçalo não tem mais Justiça Federal.



Bônus Track

Além da própria Andreia Pereira e do atual presidente Eliano Enzo, que teve as suas duas gestões coroadas com a vitória da colega, o grande vencedor das eleições é o também advogado, mas não atuante, Alexandre Gomes.


Gomes, que bancou a candidatura da advogada Adriana Brandão em 2015 numa dissidência da Nova OAB, bateu na trave. Mas seu quase triunfo facilitou uma composição de gestão com o vencedor daquele pleito, justamente Eliano Enzo, com quem faria uma aliança política que perdura até hoje.

Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.




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