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Por que nos chamam de loucas? Por Cristiana Souza


Arte: Rogério Pedro
Arte: Rogério Pedro

É bem provável que você já tenha sido chamada de louca, histérica, insana, exagerada, dramática, em uma determinada situação de enfrentamento na sua vida.


Os homens tendem a ter esse discurso ofensivo e machista sempre quando nos posicionamos e erguemos nossa voz diante uma questão que não aceitamos. A tentativa é sempre de desqualificar nossas atitudes e tirar nossa razão sobre determinado fato.


Nesse sentido, atuam para nos fazer acreditar num suposto distúrbio mental, e por extensão sendo uma condição atribuída às mulheres.

Quantas vezes após uma discussão acabamos pedindo desculpas e nos sentindo culpadas? Posso afirmar que muitas vezes.


Um relacionamento abusivo nos desestabiliza, e nos deixa predispostas a não acreditar em nós mesmas. O agressor é muito perspicaz e age de forma para que tenhamos culpa e medo.


Durante séculos, as mulheres tidas como histéricas foram diagnosticadas como casos graves de perturbação mental e física. O tratamento variaram durante os períodos históricos, mas na maioria dos casos, o tratamento indicado era o casamento e a procriação.


A própria loucura, cuja definição passou por variações ao longo dos séculos, ganhou a face da mulher subversiva; que não aceitava o rótulo social, não desejada casar e ter filhos ou amava outras mulheres.


O livro “Holocausto Brasileiro”, resgata a crueldade das internações compulsórias e os casos em que mulheres foram internadas não tendo nenhum diagnóstico de distúrbio mental. Essas mulheres sofreram a exclusão social, sendo levadas para um hospício por terem engravidado de homens casados, por não serem desejadas mais pelo marido ou ainda porque perdiam a virgindade antes do casamento.


A violência psicológica e as pressões sociais que muitas mulheres vivenciam, ainda hoje permanece como uma questão de gênero para que de fato sejamos vistas como loucas.


Para além da minha vivência, percebo que precisamos cada vez mais, sempre mais, erguer a nossa voz e dar quantos gritos forem necessários para ter a liberdade dos nossos corpos e mentes.


Sim sou muito louca, não vou me curar...

Cristiana Souza é Assistente Social.



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