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Propagandas, por Fábio Rodrigo


Reprodução
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Ele acordou para mais um dia de bombardeio de propagandas. Seu desjejum começa com “O sabor que adoça o dia”. Ao fazer sua higiene bucal, “Dentes brancos e hálito puro”. Na pia do banheiro, “Prestobarba ultra: o único que deixa a pele macia”. Tomou o seu banho com “Suave sensação” e se vestiu. Ligou o carro, um Adventure do tipo “Você na estrada”. No caminho em direção ao trabalho, acompanha os inúmeros outdoors ouvindo “A rádio que te dá notícia”.


Chega à sua empresa. “Design e estilo em um só lugar”. Atende um a um cada cliente seu. Agora é sua vez de forçar o outro a consumir. Gastou todo o seu marketing para convencer o cliente. Uma pausa para descansar, e surgem anúncios de automóveis na internet: “Você conhece, você confia”, “Mude a direção”, “Você no comando”, “Andando na Frente”, “Puro Prazer de Dirigir”. Uma nova olhadinha na internet e brotam anúncios de bancos e cartões: “Ser um associado tem seus privilégios”, “Sempre à frente”, “Só o melhor para você”...


Era hora de ir pra casa. Uma passadinha no mercado, e os ataques publicitários continuam com “A verdadeira maionese”, “Fazendo sua vida mais doce”, “A primeira e melhor cerveja do Brasil”, “A marca da sua pele”, “O melhor do leite para sua família”, “A vida inteira com você”. Fez suas compras no cartão de crédito “Porque a vida é agora”.


Ao chegar à sua casa, liga a TV e não percebe o show de merchandising na novela. No intervalo, anúncios e mais anúncios: “O verdadeiro sabor do guaraná”, “A cerveja que não tem igual”, “O melhor banco de investimentos do Brasil”. Jantou saboreando a “Cerveja sem comparação”. Já era hora de ir pra cama, porque, no dia seguinte, ele precisa estar preparado para os novos ataques mercadológicos. Deitou em “Um sonho de colchão” e dormiu.

Fábio Rodrigo Gomes da Costa é professor e mestre em Estudos Linguísticos.






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