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Quatro dias de orgulho, por Mário Lima Jr.


Em menos de dois meses, São Gonçalo organizou um festival de cinema e um festival de literatura. Não é outra São Gonçalo não, é aquela mesmo onde vive a segunda maior população do Estado do Rio de Janeiro. E quando digo “São Gonçalo”, por favor, não confunda com o governo do município ou com a classe política. Me refiro ao povo da cidade, que trabalhou como voluntário, à coragem de nossos artistas, defensores e empreendedores culturais.


O Festival Literário de São Gonçalo (Flisgo) aconteceu entre os dias 11 e 14 de outubro, ocupando os espaços do shopping Partage, no centro da cidade, com diferentes tipos de produção. Tanto a literatura gonçalense, dos quadrinhos ao romance, quanto a da região metropolitana estiveram presentes, e não parou por aí. Além de manifestações artísticas como poesia e pintura e lançamentos de livros, o Flisgo promoveu trocas de ideias e pensamentos em rodas de conversa sobre temas de importância para a sociedade brasileira.


Ao entrar pela porta principal do shopping, o visitante encontrava o que há de mais valioso em um festival literário: livros, arrumados sobre uma sequência de mesas de expositores, entre eles autores e editoras de cidades vizinhas. Havia estrangeiros também no meio dos visitantes, moradores de Niterói, Maricá e Itaboraí, por exemplo. O festival transformou São Gonçalo em ponto de encontro para o consumo de cultura, uma cidade acostumada a ser ponto de partida de mais de 120 mil pessoas que todos os dias a deixam para trabalhar em outras cidades, segundo o IBGE.

A mesa da editora Apologia Brasil, especializada em autores gonçalenses, foi um sonho que, enquanto cidadão da cidade ávido por informações sobre ela, não precisei sonhar, nasceu realizado. A coleção Cadernos do Leste, parte do acervo da editora, trouxe contos, poesias, crônicas, ensaios e análises escritos por pessoas de São Gonçalo sobre seu município. Fez sucesso no festival.


Aventuras e histórias incríveis foram contadas no Flisgo. A falta de algumas obras de autores consagrados da cidade foi reduzida pela descoberta de outros escritores maravilhosos. Comprei uns 10 livros e “deixei a família mais pobre”, de acordo com a minha esposa.

No primeiro dia do festival, ouvi uma roda de conversa liderada por educadores. Nunca havia visto um grupo tão grande com uma formação acadêmica tão elevada. Doutores, mestres, gente com múltiplas pós-graduações discutiram soluções para desenvolver a educação brasileira e promover o respeito pelo professor. Somente esse diálogo já teria valido a pena o esforço de organização de todo o festival.


O gonçalense provou, de novo, que se interessa por livros, cultura e arte, apesar dos obstáculos. As inúmeras presenças ilustres, como a jornalista Míriam Leitão, elogiaram bastante o tamanho do público e sua empolgação. Os expositores disseram que as vendas foram muito bem, obrigado. Alguns venderam todas as obras disponíveis e deixaram o festival um pouco mais cedo no último dia.


Ninguém no Rio de Janeiro merece mais do que este gonçalense, que aprendeu a superar dificuldades e se orgulhar da sua terra, as palavras deixadas por Míriam nos seus autógrafos durante o Flisgo: “Não desista do futuro. Ele será melhor, como sonhamos”.

Mário Lima Jr. é escritor.


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