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Roberto “Lima” de Andrade: Quando a batida no surdo não é apenas um som, por Oswaldo Mendes


Roberto Lima, o "Robertão"/Foto: Arquivo pessoal
Roberto Lima, o "Robertão"/Foto: Arquivo pessoal

Foi-nos indicado a fazer uma matéria com um jovem da Bateria e, para nossa surpresa, veio o nome de um velho conhecido: Roberto Ferreira de Andrade, nascido em 08 de julho de 1987 e criado em Del Castilho, com família ligada ao samba. Seu avô – saudoso Jayme de Andrade - foi presidente da Alas dos Compositores da Imperatriz Leopoldinense, sua mãe também desfilava em alas na Portela e seu pai que foi Comissão de frente da Portela, Viradouro e Estácio; foi também Compositor campeão na Viradouro em 2008 e participou do carro de som desta agremiação – nosso Roberto Pereira de Andrade – saudoso Lima de Andrade.


São três momentos na avenida, sendo eles: o primeiro, antes de entrar no qual estamos todos muito nervosos, há choros, risos, abraços, apreensão, concentração e todos se unem numa só oração de mãos dadas. O Setor 1 é magistral. Já passamos por ali tristes e atualmente focados, porém com muita estrutura. O 'chão é muito forte'. No segundo momento já estamos na avenida e temos que ter total atenção aos nossos diretores e ao Ciça. As mãos deles são a nossa bíblia. Um balé que foi treinado por meses. Nada pode dar errado. A qualquer momento vem uma nova 'bossa'. São diversas que podem ser apresentadas a qualquer momento, conforme a ordem de Ciça com as mãos. No terceiro momento já ultrapassamos a linha de término da avenida. Setecentos e poucos metros e enfim pode-se olhar para trás, agradecer e saber que o que nos cabia foi cumprido. Já choramos muito, hoje estão a nos ver sorrir”, apresenta Robertão, como é chamado pelos amigos mais próximos.

Muito novo começou a acompanhar o carnaval em face do envolvimento da família. Roberto desfilou na Caprichosos de Pilares (no ano de homenagem à Xuxa), na Rocinha, na GRES Imperatriz e na Viradouro, desde 1997, na Ala das Crianças, quando a Viradouro foi campeã. No ano do desfile da Bibi Ferreira, em 2003 foi alçado para à Bateria, onde permanece até nossos dias.

Roberto explica que a Bateria tem sete naipes: a cuíca, o chocalho, o agogô, a caixa, o repique, e os surdos de primeira, segunda e terceira. “A Bateria é uma família. Há unidade. Espelhamo-nos na bateria em três pessoas maravilhosas que as consideramos verdadeiras “Entidades do Samba” que são o Arídio, Dalmir e Russo. Baluartes. Todas as honras e homenagens para eles são poucas. Nossos presidentes. Nossos amigos e orientadores supremos”.

Na bateria o naipe mais importante é o amor à Escola. Esse direciona, nos leva adiante, com respeito, humildade, concentração e responsabilidade. Ninguém é mais importante que ninguém. Todos são iguais para tornar uma escola diferente. Não pode existir pessoalidade. Somos parte de uma engrenagem. Há uma Comunidade que ali convive, dá e recebe amor e respeito. Uma perfeita simbiose. Todos são respeitados na agremiação.


Uma Escola de Samba é uma estrutura viva, onde cada um tem sua responsabilidade para um objetivo comum, claramente definido pelo Presidente da agremiação quando, por exemplo, participava de todas as atividades da escola, quando conversava com os integrantes de todos os segmentos, quando pegava no microfone e passava orientações pessoalmente para toda a Escola, às terças-feiras antes dos ensaios, até mesmo na Amaral Peixoto ou no Horto do Barreto. Muito mudou na escola com a vinda da família Callil. O brilho no olhar voltou”, cita Roberto


Tem, como referência no Mundo do Samba, o Mestre Ciça, Mestre Paulino Botelho, Marcão e Odilon. Lembra com carinho o trabalho realizado pelo Mestre Pablo – filho do saudoso Gabriel. “Somos uma família. Somos a Bateria nota 40. Somos Mestre Ciça. Somos novamente campeões!”, enaltece!


Roberto tem vinte e três anos de Viradouro e atua há dezessete anos na bateria, a qual muito se orgulha. Guarda cada instante de alegria no peito, pois quando toca o seu surdo de primeira, não é um simples tocar de instrumento. É muito mais. É como se ali estivesse a pulsar o coração, à memória do seu pai “Lima de Andrade”, Monassa, Serjão Compositor, Jangada, Joel da Velha Guarda, Edson Palhaço, Compositora Katia, Gilberto Gomes e muitos outros . E não é uma batida surda, pois sempre vem resposta.


Viva a Bateria da GRES Viradouro!

Oswaldo Mendes é engenheiro.





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