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Sobre respeitar o seu tempo - por Karla Amaral


Reprodução Internet
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Um dia desses estava organizando minha rotina no meu planner e pensando ao mesmo tempo a respeito do conceito de gestão do tempo. Hoje em dia a organização e otimização do tempo parece ser tão fundamental e determinante para viver nesta sociedade.





Esbarramos com anúncios, dicas e até cursos por aí para aprender a gerir o tempo ou de estratégias para uma gestão de tempo eficaz. Tudo isso visando uma maior produtividade. Administrar o tempo para fazer mais coisas. Acordar mais cedo, delegar funções, priorizar. E isso tudo para quê?

Hoje tenho a sensação que tudo é tão urgente. Que as horas passam depressa. Os dias correm rápido demais. A gente já acorda pensando no que faremos ao chegar em casa à noite ou o que faremos no final de semana. Planejamos os próximos meses, os próximos anos. Vivemos tão intensamente o futuro, antes mesmo de ele chegar. Ou seja, deixamos de sentir o presente, de viver certos momentos porque na maioria das vezes estamos organizando nosso tempo futuro.

E como fazemos de fato a gestão do tempo presente? Como experimentamos a sensação de estar presente? Você se sente presente agora? Eu não.


No momento que escrevo, pausei a escrita para pedir pizza e estou aguardando ansiosamente sua chegada. Estou pensando na série que irei assistir daqui a pouco e no que farei para o almoço amanhã. Essa sensação de não estar presente ou de estar pouco presente me ronda a todo o momento.


Para mim, respeitar meu tempo tem muito a ver com a sensação de pertencimento. Pertencimento de si. De sentir minha própria respiração. De perceber minha voz ou meu silêncio. De sentir meu cheiro. De sentir, de verdade, o gosto do café ou de uma cerveja bem gelada. De entender que sou sim (!) um corpo-pessoa político e social e que sou afetada por tudo a minha volta, mas que sou um corpo-pessoa preenchido de subjetividades, de afetos e de fragilidades.

Este mesmo corpo precisa ser acolhido. E o principal acolhimento deveria vir de nós mesmos. O auto-acolhimento é estar disponível para si mesmo. O auto-acolhimento dialoga com o autocuidado, mas ele vem antes; bem antes. Para que possamos perceber que precisamos de cuidado é necessário acolher aquilo que nos atravessa.


E um dos atravessamentos que me surgiu quando eu preenchia meu planner e que divido com você que está lendo este texto é: Como eu respeito meu tempo?



Karla Amaral é psicóloga e escreve para o Daki aos domingos.



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