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São Gonçalo como objeto de colecionismo: Cartões de Visita, por Rui A. Fernandes


Cartões de visita do acervo pessoal de Rui Aniceto Fernandes
Cartões de visita do acervo pessoal de Rui Aniceto Fernandes

O cartão de visita é um instrumento de comunicação. É uma peça valorizada no mercado por ser uma forma simples e barata de transmitir informações de contato. Normalmente conta com nome, cargo ou função pessoal e contatos: endereço, e-mail, telefone e mídias sociais. Ainda hoje se considera uma falha grave de comunicação o profissional não os possuir em mãos, durante uma reunião de negócios ou até mesmo em um ambiente informal, pois é uma peça importante para os contatos profissionais e pessoais.


Sobre seu surgimento, há versões que indicam que teria surgido na China, no século XV, como forma de anunciar a chegada de um visitante a um vilarejo. A versão mais usual afirma que sua origem teria ocorrido em jogos de cartas, na Inglaterra, no século XVII. Os jogadores escreviam mensagens e assinavam para assegurar que pagariam as dívidas contraídas. Posteriormente, surgiram, na França, os cartões de saudação que eram utilizados para apresentar seus signatários em eventos, sendo um elemento de distinção social, entre os séculos XVII e XVIII. Neste momento também forma criados, na Inglaterra, os “tradecards”, os cartões comerciais. Eram utilizados como peças publicitárias e contavam com mapas para orientar como chegar aos pontos comerciais, pois não havia um sistema de numeração formal para os logradouros urbanos. Estes cartões eram impressos por meio da xilografia – como um carimbo – ou por letterpress – tinta fixada em relevo e pressionado contra o papel. Eram feitos em monotones ou com tinta simples. A partir da década de 1830, difundiu-se a impressão por litografia. Os cartões de visita pessoais se universalizaram quando a corte francesa adotou-os tornando-os elementos gráficos com ornamentos gravados e brasões nobiliárquicos. Ao chegar nos EUA, investiu-se na distinção dos cartões pessoais dos cartões de negócio (comerciais). Os cartões de negócios circulavam livremente entre todas as classes sociais. Os cartões pessoais eram elementos de distinção social e, assim sendo, considerava-se uma garfe utilizar um cartão de negócios para estabelecer contatos sociais. Tanto nos EUA quanto na Europa foi criada uma série de regras de etiqueta social para a circulação dos cartões de visita.


Atualmente os cartões são confeccionados das mais diversas formas, tipos de papel, com laminações fosca ou de brilho, com relevo, fotos de produtos; cortes redondos, triangulares etc. Tornou-se uma peça de complementação do marketing de uma empresa ou na divulgação da prestação de serviços.


Essas pequenas tiras de papel se constituem em fragmentos de histórias, pois nos permitem acessar informações sobre aqueles que os mandaram confeccionar e sobre os trabalhos gráficos de sua produção. Uma sequência de cartões de um mesmo personagem nos permite acompanhar as atividades profissionais desenvolvidas ao longo de um período, por exemplo. Cartões guardados por uma pessoa nos dão acesso a episódios pessoais ou públicos de uma época. Um cartão que o presidente Washington Luís ofertou a Luís Palmier nos faz conjecturar sua ação junto ao movimento legalista que se opôs ao movimento que ficou conhecido como Revolução de 1930. Mas também nos instiga a pensar como os grupos políticos e sociais da cidade se posicionaram nos eventos que levaram ao fim da Primeira República.



Bibliografia:

HUMBERT, Mirko. A history of business cards. In: www.designer-daily.com/a-history-of-business-cards-20266 Acessado em 01/01/2021.


CARRARO, Maykon. História do cartão de visita. In: https://carraroscomunicacao.com.br/historia-do-cartao-de-visita/ Acessado em 01/01/2021.

Rui Aniceto Fernandes é professor de História do Departamento de Ciências Humanas (DCH) da Faculdade de Formação de Professores (FFP-UERJ).



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