Tempo, Tempo, Tempo, Tempo... Por Paulinho Freitas
SÃO GONÇALO DE AFETOS
Eu saía do trabalho às 18h lá de Niterói, passava em casa para um banho e jantar. Lá pelas 22h começava minha caminhada pelas estradas da noite. Começava ali no bar do Horácio no Paraíso, onde bebia um “rabo de galo” e uma cerveja bem gelada, atravessava a rua e bebia mais uma no trailer do Joamigão. Pegava o ônibus, descia no centro de São Gonçalo, passava pelo Kaverna’s Bar onde uma canja com Fábio Morais era obrigatória; subia a Brasilândia, passava pelo Barrafas onde Denoir de Souza aquecia a garganta com um bom vinho e boa poesia na companhia de Alexandre Gomes.
Na Rua Mato Grosso o bar Vira e Mexe estava sempre lotado, Alexandre Fininho e Seginho Quental encantavam aquela jovem plateia com suas violas; no Araçá, Beto Baiano botava todo mundo pra dançar. Quando tinha carona ainda passava lá no Rocha, no bar do Argeu pra ver o Marquinhos Vime e ainda o Beto Lemos lá no Espelho Mágico do Mutondo.
Já amanhecendo bebia a saideira no Tôtonto ao som de Manuel o Audaz na magistral interpretação de Marlon Borges.
Lá pelas 13h de sábado acordava com uma Feliz preguiça já sabendo que a noite começaria tudo de novo, só o final não seria o mesmo porque sábado era dia de Aluçã, Juninho e Sidnei Peixinho nos bares do Porto Velho.
Lá pelos lados do Porto da Pedra, Beth Bacellar e Vânia Siqueira abriam as portas do do Thisis Bar para os grandes saraus comandados por Jandilson, Elísio Castro, Valtenir, Silvinho Rebelde, Reinaldo Baso, Luciene Alves e tantos outros que amanheciam o dia com poesia, música, dança e artes plásticas.
Envelhecer em São Gonçalo é ter uma história bacana pra contar, é poder abraçar seus ídolos, é acordar todas as manhãs de um sonho feliz. O tempo podia ser mais generoso e passar mais devagar. Tempo, tempo, tempo, tempo... Dá um tempo!
Paulinho Freitas é compositor, sambista e escritor.
